Quando há dias se noticiou que havia documentos secretos da NATO a circular nas redes sociais, a coisa foi vendida como sendo mais uma ação de guerra da Rússia. Mas fica difícil perceber o sentido que faz a Rússia obter documentação secreta e divulgar que o fez.
A espionagem funciona no segredo, na dissimulação. Obter vantagem sem que o inimigo perceba. Fora disto, é contrainformação e o alvo principal é o público, embora também possa ter o objetivo de desmoralizar as tropas inimigas.
Neste contexto, o melhor é manter alguma distância relativamente à “notícia” e aos papéis que nos mostram. Neste caso, os documentos alegadamente top secret são, basicamente, projeções sobre movimentações militares, treinamento de tropas, fornecimento de equipamentos e armamento, número de efetivos no campo de batalha e relatórios sobre baixas.
Sobre soldados mortos em ação, se quisermos acreditar no que os papéis dizem, a Ucrânia tem andado a contar mentiras, assim como os seus aliados ocidentais. Os documentos afirmam que a Rússia sofreu perdas de tropas que variam de 16.000 a 17.500, enquanto as perdas ucranianas chegam a 71.500 – o que está em desacordo com a narrativa triunfalista de Zelensky. Segundo estes documentos, morrem 4 soldados ucranianos contra 1 dos russos. Em público, os aliados da Ucrânia garantem que são os russos que morrem mais e o número de 180 mil mortos russos já foi dito mais do que uma vez.
É preciso mil olhos e ouvidos e uma boa dose de inteligência para ver, ouvir e perceber o que nos vendem como factos verdadeiros! De que a maioria de quem consome os media não tem.
Felizmente vamos tendo quem nos diga:ATENÇÃO!
As notícias em tempos de conflito podem ser fabricadas por conveniência das partes em confronto. São uma das mais poderosas armas de arremesso contra o inimigo…
Mas até a imprensa independente se vê em palpos de aranha para analisar (e divulgar) o que está disponível, que afinal não passa de uma “verdade” entre as muitas que obtêm consenso social…É preciso ter os sensores bem afinados, de facto. Profissão de risco, a dos repórteres em situação (e nos teatros) de guerra.