Já por diversas vezes, neste mesmo espaço, me indignei com os atropelos feitos à Língua Portuguesa. São os jovens que escrevem e dizem, por exemplo, ‘tive’, em lugar de estive, como se o significado e o verbo fossem o mesmo, os locutores da Rádio e da Televisão que estão com permanentes ‘neologismos’, um Acordo Ortográfico saído de um decreto em que, seguramente, quem o criou nada sabe de gramática. E, somente em relação a este último ponto, experimentem, cumprindo a regra gramatical das palavras graves, dizer baptismo sem o p. Claro! Fica bâtismo (com o a fechado e acentuando tis), ou os benditos espetadores que, afinal não espetam, mas são os espectadores.
Subscrevi, recentemente, um apelo (neste LINK) feito ao Presidente da República, no sentido de intervir em defesa da Língua Portuguesa ‘tal como esta nos surge definida no n.º 3, do artigo 11.º da Constituição da República Portuguesa’.
Acentuando que se trata de um dever constitucional, os subscritores lembram que se trata de ‘um imperativo de cidadania’ e da ‘defesa do nosso Património Linguístico – a Língua Portuguesa – da nossa Cultura e da nossa História, os quais estão a ser vilmente desprezados’.
A Marcelo Rebelo de Sousa é recordado que é o ‘primeiro e máximo representante do Estado. Estado a quem cabe, nos termos da alínea f) do artigo 9.º também da Constituição da República Portuguesa “assegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão internacional da Língua Portuguesa”’.
‘Apelamos a Vossa Excelência que contrarie a imposição aos Portugueses da Variante Brasileira do Português, composta por um léxico que traduz acentuadas diferenças fonológicas, morfológicas, sintácticas, semânticas e ortográficas, e essencialmente baseado no Formulário Ortográfico Brasileiro de 1943’, refere o apelo ao PR. E adianta que se deve proporcionar ‘às nossas crianças a possibilidade de escreverem na sua Língua Materna – naquela em que escreveram Gil Vicente, Camões, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Fernando Pessoa, Fernando Campos, Luís Rosas, Altino do Tojal, Luísa Dacosta, Fernando Dacosta, José Saramago e tantos, tantos outros, cujas obras estão a ser acordizadas, num manifesto insulto à Cultura Culta Literária Portuguesa – ao invés de numa grafia desestruturada, incoerente e desenraizada das restantes Línguas europeias, as quais também estão a aprender (Inglês, Castelhano, Francês)’.
Não recuso a evolução da Língua Portuguesa, por ser uma língua viva, desde que seja ‘natural’ e não ofensiva da gramática. Um camarada de profissão, contestando os meus argumentos, escrevia-me dizendo: ‘Antes da radical alteração de 1911, este meu texto estava perfeito: A sciencia da orthographia do portuguez parece uma anedocta que augmenta o expectaculo do paiz de meu pae – que não era hespanhol!’
A questão é exactamente essa: a língua viva evoluiu e havendo, por exemplo F, não se justificava que PH o substituíssem.
Tudo isto me parece bem simples. Espero que Marcelo Rebelo de Sousa também assim pense…
Excelente texto, Margarida Maria.
Obrigada por defender o NOSSO instrumento de trabalho: a Língua Portuguesa.
Vou partilhar o seu texto no meu Blogue, se me permite.
PARABÉNS!!! …Margarida Maria!…
Se me permite vou partilhar na minha página! Excelente e brilhante texto! Tenho andado SEMPRE a lutar há anos contra o dito e malfadado ‘Acordo Ortográfico’! E…muita FORÇA e DETERMINAÇÃO e…vamos conseguir!!!…