O PS, ao contrário do PSD, sempre teve um problema de assunção de políticas públicas objectivas. A TAP é um dos exemplos. Mas há mais.
O PSD é a favor da transferência das mais valias do SNS para o sector privado da saúde, assente nas parcerias público privadas, seja pela concessão de hospitais públicos à gestão de grandes grupos; para mim um pré ensaio para uma privatização futura e definitiva, seja pela via dos protocolos com as cirurgias e exames auxiliares de diagnóstico, nos hospitais privados, de raiz.
Podemos concordar ou não. Eu, por exemplo, não concordo, a não ser em situações excepcionais. Mas há uma percepção mais ou menos clara do que pretendem, da sua agenda política, independente daquele discurso falacioso da eficácia.
Já o PS, fico com a sensação que quer “Sol na eira, e chuva no nabal”. Nunca foi capaz de assumir que tendencialmente acabava com as PPP’s. Mesmo que a longo prazo. Isto serve para a educação, rodovias, etc. É esta ambiguidade que vai do discurso à prática, que os tornam reféns dos casos e casinhos, do “dito por não dito”, e pior ainda, da incoerência e da mentira.
A sorte do PS é que apesar de tudo, está no lugar onde o PSD deveria estar. Ao centro. A geo política à escala mundial deslocou-se para a direita. O PSD ultra liberalizou-se.
Na Ucrânia, combatem dois governos de extrema direita, ainda que um deles seja o invasor e o outro o invadido. Mas ali não há democracia nem estado social. Há fanatismo puro e duro.
É esse vazio ao centro, que tem dado ao PS estas maiorias absolutas, contra a corrente. Só que a sorte não dura sempre. E sem um trabalho sério em prol da comunidade, garantindo o respeito integral dos princípios constitucionais, onde por exemplo a educação e a saúde, tendencialmente gratuita tem de ser alavancada, os socialistas vão acabar por ser corridos da governação.
Depois sabemos o que vem. Mas a política é inimiga do vazio.