Pessoas recebem mensagens SMS a pedir pagamentos por encomendas retidas na alfândega, para liquidar uma conta em aberto ou, mais recentemente, para pagar taxas de religação da EDP ou Endesa.
Normalmente deviam ser fáceis de identificar como burla. O português mal escrito, o envio para pessoas que não têm serviços prestados pelas empresas em questão, ou que não aguardam a chegada de encomendas do estrangeiro.
Mas, infelizmente e como tudo na vida, os burlões estão cada vez mais sofisticados e nem todos os consumidores têm a percepção da fraude e alguns acabam, por cair na esparrela perdendo, por vezes, centenas de euros.
Antes de mais, fica o apelo: Se recebeu uma SMS semelhante por favor reporte-a à polícia ou a Ministério Público. Apenas com a denúncia junto das autoridades competentes se pode descobrir quem são estas pessoas.
Várias pessoas em Portugal receberam mensagens a pedir para liquidar uma taxa de regularização de factura da EDP, enviada de um número de telemóvel português – 939 526 405. A mensagem fede a tentativa de burla, especialmente porque muitas das pessoas que a receberam não são clientes EDP.
Consultada a SIBS, entidade que em Portugal gere as licenças para emissão de referências Multibanco, a entidade destas mensagens é a HiPay SAS.
O passo seguinte foi óbvio: contactar a HiPay.
A empresa já estava consciente da burla desde o passado domingo, quando começaram a surgir as primeiras chamas de reclamação. As referências multibanco reportadas até agora já foram canceladas, pelo que não podem receber nenhum pagamento.
O que é a HiPay SAS?
A HiPay é fornecedora de sistemas de pagamento para plataformas online. Empresas como a Decathlon, BetClic e Auchan usam a HiPay para gerar referências de pagamento multibanco para os seus clientes usarem nos websites quando efectuam o pagamento de compras, ou apostas.
Mas também criam e fornecem carteiras digitais de utilização única ou continuada para diversos clientes empresariais ou particulares.
No caso dos sites de apostas, como a BetClic, ou de venda online de produtos e serviços, como o Instant Gaming, o sistema gera uma referência multibanco para cada utilizador, para onde este pode enviar fundos que posteriormente utilizará para jogar.
Como se processa a burla?
O burlão regista-se num site que permita a geração de referências multibanco.
Normalmente é necessária a apresentação de comprovativos de identidade e morada, mas estes podem ser falsificados pelos burlões o que dificulta a acção judicial.
Com a referência gerada, os burlões usam bases de dados de números de telefone que compram a piratas informáticos ou compram legalmente a empresas que se dedicam a esse negócio. São muitos os que “dão” os seus dados de contacto em sites de diversos tipos. Esses dados são posteriormente vendidos porque o utilizador concordou com os termos e condições de utilização que preveem a sua venda.
Depois é só usar uma plataforma de envio massivo de SMS e esperar que os “patos” caiam na armadilha.
Como diria John Connor em Exterminador Implacável 2: “Easy Money!”
Reportar números abusivos
O operador do seu número de telemóvel deve ser sempre a primeira linha de contacto.
Infelizmente os operadores de telecomunicações não são muito bons a lidar com denúncias de fraude e burla.
A Anacom é o regulador nacional de telecomunicações e a entidade que deve contactar, caso o seu operador não preste ajuda ou não aceite a denúncia.
Contacte a Anacom através do email info@anacom.pt