No dia da Missa de Sétimo Dia do meu Amigo Cândido Ferreira, decidi escrever algo sobre ele. De há muito que sou contra todas as homenagens póstumas ou elogios tardios. Penso que todos temos a obrigação de mostrar a nossa admiração, o nosso respeito, a nossa amizade, em vida, directamente, olhos nos olhos. Tenho feito isso da melhor maneira que sei dedicando os meus livros às pessoas de quem mais gosto e que admiro.
Por isso, neste dia em que, novamente, o irei recordar junto à sua Família, deixo a dedicatória que lhe fiz no meu livro “Frasco de Veneno – Dose Final”.
Até um dia, Querido Amigo.
Conheço o Dr. Cândido Ferreira há quatro décadas.
Durante estes anos tive a oportunidade de conviver com um Homem multifacetado e com êxito em todas as muitas áreas a que se dedicou.
Como médico ilustre esteve na primeira transplantação bem-sucedida, com órgãos de cadáver, em Portugal.
Enquanto nefrologista conceituado foi um dos pioneiros da hemodiálise em clínicas privadas, e responsável técnico por mais de um milhão e duzentas mil diálises, tendo ganho o Prémio da Sociedade Internacional de Nefrologia, no Congresso de 2011, em Londres, para o melhor trabalho de investigação clínica.
Vi-o atender dezenas de doentes sem jamais ter cobrado um cêntimo dessas consultas.
Escritor com vários romances e ensaios de sucesso.
Cronista brilhante com textos divulgados por vários jornais em papel e digitais.
Sem dúvida o maior coleccionista de Portugal, é dono de um espólio com mais de novecentas mil peças (de valor incalculável) que, numa prova de cidadania e patriotismo, resolveu doar, para um Museu na sua terra Natal, com a intenção de criar delegações em todos os PALOPs.
Político atento e corajoso passou pelas cadeias antes do 25 de Abril e foi, depois, líder do Partido Socialista, no distrito de Leiria, e candidato a Presidente da República.
Empresário de sucesso em várias áreas, a ele se deve um dos melhores espaços de turismo rural em Portugal.
Mas, para mim, há duas razões que para que lhe dedique este meu livro:
A sua dedicação à luta contra a exclusão e em prol dos Direitos Humanos (é sócio-fundador da APAR – Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso, seu número 3, Sócio de Mérito e Presidente do Conselho Consultivo), e a vontade de tornar pública a minha admiração pelo seu trajecto de vida e a gratidão por me ter como um dos seus mais antigos Amigos e, perdoem-me a imodéstia, aquele que estará, sempre e incondicionalmente, ao seu lado.
Deixo-lhe um abraço fraterno.