DETENÇÃO DE JORNALISTAS

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Evan Gershkovich, jornalista norte-americano a trabalhar em Moscovo para o Wall Street Journal foi detido sob suspeita de espionagem.

A polícia russa diz que deteve Evan Gershkovich depois de dois meses de investigações sobre a sua atividade. No entanto, não divulgou as evidências em que se baseia para a acusação.

É frequente jornalistas serem olhados com desconfiança por antagonistas em conflito. É um problema recorrente quando se fazem muitas perguntas.

Neste caso particular, também pode ser um ardil para afastar o jornalista que fica detido e, depois de algum tempo, acaba expulso do país. Há uma semana, um cidadão russo foi detido e acusado de espionagem nos EUA e, agora, a Rússia retalia.

A minha experiência pessoal

A primeira vez que fui detido por suspeita de espionar foi durante um conflito fronteiriço entre a Guiné-Bissau e o Senegal, na década de 80. Entrei no Senegal sem passar por um controlo fronteiriço, conduzia um veículo com matrícula guineense e fui apanhado a gravar imagens de uma operação de controlo militar, nos arredores de Ziguinchor, a capital da região de Casamança, no Senegal. Depois de três dias de combates de artilharia, com mortes e feridos dos dois lados da fronteira, os militares senegaleses não se mostraram compreensivos. Foram uns dias de detenção, a coisa resolveu-se depois do Governo português ter conversado com o Governador militar de Casamança.

Em Angola, na década de 80, a detenção teve razões políticas. Naquele momento, foi considerado conveniente pela segurança do Estado impedir as reportagens da RTP. Foi-nos imposta detenção domiciliária, que só foi levantada quando passamos a ser acompanhados por um agente da polícia de segurança do Estado, esse sim, disfarçado de jornalista.

Alguns anos depois, na Cisjordânia, quando entrei numa zona da cidade de Nablus momentaneamente controlada por um grupo radical palestiniano, fui detido porque o exército israelita costumava enviar espiões disfarçados de jornalistas estrangeiros. Desta vez não houve negociações entre entidades oficiais e as coisas podiam ter corrido mal. Mas voltei a ter sorte.

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