É A ECONOMIA, ESTÚPIDA!

Fervilho de raiva. Contra os financeiros, as seguradores, os oligopólios que veem na saúde uma mina de ouro, contra indemnizações, prémios imorais, amorais. Pagos pelo erário público.

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Contra os salários miseráveis de quem realmente dá o corpo às balas. Contra os pseudo generosos. Contra a miséria de um prémio de 100 mil euros por 15 anos de trabalho de um cientista, contra a miséria de 1 milhão de euros de um Nobel da medicina, da física, da química, cada vez mais divididos por 2 ou 3, trabalho duma vida, e a amoralidade de um prémio de 3 milhões a uma administradora da TAP se conseguir cumprir o plano, cortando escandalosamente os salários de quem de facto trabalha. Cumprir o plano. Quer dizer liquidar a empresa, vendê-la a retalho.

Não posso tolerar. Cresce-me a raiva na ponta do dedo, o vómito contra os lambe-botas dos políticos. Contra a naturalização do capitalismo como sistema perfeito. Contra Fukuyama, contra O fim da História e o Último Homem! Contra a nossa incapacidade de agir contra!

É a economia, estúpida.

Não, a mim não me dirão tal. A economia não pode ser contra as pessoas, a montante contra quem trabalha por salários explorados, a jusante contra quem consome todas as merdas que lhe impingem para serem felizes, desde os produtos envenenados dos supermercados (é ver os venenos que passam na registadora!), as casas que os vão tornar escravos dos bancos uma vida inteira, as férias de sonho que os vão obrigar a mais um crédito, os gadgets que os alienam…

É a economia, estúpida.!

São os milhões que investimos aqui e ali, dinheiro que tem de ser bem distribuído. Eu sei fazer contas. Só não as conheço bem, porque me atiram com milhões, areia para olhos, para me cegarem, para nos cegarem, para fazerem de nós todos a minha tia Marizè, a pensar que assim o estado vai à falência. A dizerem-me: é a economia, estúpida!  A dívida pública, as taxas de juro, a inflação. Como se não pudessem controlar estas abstrações?!

A economia é produzir bens e distribuir. Sem falcatruas. É gerir recursos limitados. É deixar ainda a Terra para futuras gerações. Porque só a temos de empréstimo. Não podemos estragá-la. Não é nossa!

Os que estão sempre a dizer-me: “É a economia, estúpida” hão de engolir essas acusações, sufocar com elas. Morrer, como todos. Enraivece-me é saber que parecem morrer depois de uma longa boa vida, sem dó nem piedade daqueles que mal chegaram a viver… mal.

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