ABUSOS SEXUAIS NA IGREJA, toda a verdade fica nos arquivos secretos

É possível que haja uma versão para consumo público e outra que ficará escondida nos arquivos secretos da Igreja Católica. O segredo que vai continuar a envolver esta questão permitirá que muitos crimes fiquem sem castigo. A base de dados dos testemunhos ficou blindada ao exterior.

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O relatório sobre os abusos sexuais na Igreja Católica é uma pedrada no charco, principalmente porque passou a haver um retrato factual das monstruosidades que ocorreram nas escolas de padres e freiras, seminários, igrejas e residências paroquiais.

Os 512 depoimentos validados pela comissão independente podem e devem ser extrapolados para muitos milhares de casos. Ou seja, é convicção que a maioria das vítimas continua em silêncio. São opções íntimas, tão legítimas como a denúncia.

O relatório é um guião de kamasutra, com relatos de abuso e violência sexual sobre crianças ou adolescentes fragilizados. Falamos de rapazes e raparigas, submetidos aos caprichos sexuais de padres. Sexo anal, sexo oral, sexo vaginal, masturbação, o cardápio completo.

Mas os nomes dos pecadores, criminosos, mantêm-se protegidos. Tudo isto só foi possível porque o anonimato dos prevaricadores foi garantido. Também as vítimas estão protegidas pelo mesmo compromisso, mas em muitos casos esse anonimato favorece mais o criminoso que actua com a impunidade que lhe dá a “vontade de Deus”, como se verifica pelo extrato do relatório que aqui expomos.

O segredo sempre foi uma ferramenta da Igreja Católica. Muitos segredos se escondem nos arquivos secretos da Igreja. Não estamos a falar dos arquivos do Vaticano, apenas. Também as dioceses e institutos religiosos têm arquivos secretos, segundo se lê neste relatório. Se são secretos é porque escondem segredos.

A comissão independente quis entrar nesses arquivos secretos diocesanos. Só foi autorizada a isso em outubro, quando já não havia tempo para pesquisar alguma coisa.

O segredo que vai continuar a envolver esta questão permitirá que muitos crimes fiquem sem castigo, o eventual remorso dos abusadores não compensa o sofrimento das vítimas e o castigo de Deus não se confirma. Afinal, a criação desta comissão foi iniciativa da própria Igreja, o “dono da obra” foi a Igreja, os termos em que a investigação decorreu foram os da Igreja. A base de dados dos testemunhos ficou na Igreja, blindada ao exterior.

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