Trotinetes, bicicletas e irresponsabilidades

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Leio uma notícia sobre um automobilista que atropelou dois indivíduos que circulavam numa trotinete. Verifico que há alguma legislação sobre esta matéria, sem regulamentação e claramente insuficiente para o que sucede hoje nas grandes cidades.
Com efeito, eu própria fui, há duas semanas, atropelada por uma trotinete. Estava na passadeira, um carro parou para me dar passagem e, de súbito, o carro é ultrapassado pela direita por uma trotinete ocupada por dois rapazolas. Claro que me abalroaram. O que seguia atrás ainda se desequilibrou. Pôs um pé no chão e lá seguiram à sua vida, indiferentes ao facto de eu ter ficado caída. O condutor do automóvel saiu para me ajudar a levantar e perguntou-me se eu precisava de uma testemunha. Mas testemunha do quê? Os rapazolas seguiram viagem a alta velocidade e nem a cor da trotinete conseguimos ver, já que a matrícula é inexistente.

Pronto, é o estado das coisas. Diz a lei que quem circula de trotinete está sujeito às regras de trânsito (que não conhecem). Mas nós vemo-los a circular sem que alguma autoridade olhe para eles e os mande parar ou os autue pelo simples facto de não irem nas ciclovias ou estarem a circular em zig-zag pelo meio dos carros ou em excesso de velocidade.
As autarquias gastaram rios de dinheiro em ciclovias que, as mais das vezes, os utilizadores de trotinetes e bicicletas não utilizam. É verdade que algumas estão construídas sem terem sequência ou mesmo entrada ou saída. Foram ali simplesmente plantadas.

Mas voltemos à lei: ceder passagem ou sinalizar manobras é coisa que não fazem. Usar luzes e refletores ao anoitecer ou em condições de visibilidade fracas, nem pensar. Manter uma distância de segurança que permita travar e desviar-se de obstáculos é outra medida ‘desnecessária’. Circularem dois ocupantes? Não. Às vezes, como agora no fim do ano, vi que circulavam três…
Diz a lei que os passeios estão reservados a peões e condutores de velocípedes até aos dez anos. Alguém cumpre? Não. Alguém fiscaliza? Não.
E quando pensamos que vão a falar sozinhos, afinal vão ao telefone com auscultadores, indiferentes ao facto de representarem uma distração e bloquearem os sons do exterior.

Tomaram conta das ruas, em nome da rapidez de circulação e do ambiente. A mim parece-me que foi mais para circularem sem serem responsabilizados por alguma coisa, independentemente dos danos que sofrem ou causam. Aliás, também se diz que estes meios de transporte foram implementados em nome da saúde. Eu só não entendo de qual
saúde? De quem? Já que nem são obrigados a usar capacete…

Voltemos à lei, uma vez mais. Desta feita, à inexistente. Nada prevê uma idade mínima ou
qualquer outro requisito específico para a condução de velocípedes, o que significa que as crianças podem andar à vontade, em qualquer lugar, com risco para elas e para os peões.
Quanto aos seguros, sabemos como funcionam: as empresas de aluguer têm seguros aplicáveis quando a regras de trânsito cumpridas e, como isso nunca acontece, estamos conversados…

Dizem-me que o Automóvel Clube de Portugal tem feito pressão para que alguma coisa seja feita. Por mim apoio, nem que tenha de me manifestar na rua.

Porque a verdade é que ninguém regulada nada desta matéria. Possivelmente até ao dia em que um filho ou um neto de algum governante tenha o azar de atingir alguém ou ser atingido por um destes irresponsáveis.
Neste princípio de 2023, desejo aos leitores Feliz Ano Novo com menos bicicletas e trotinetas. Mais segurança!

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