Não foram os problemas financeiros da TAP, não foram as greves dos professores nem a dos enfermeiros, não foi a inflação, não foram os encerramentos de urgências ou de maternidades, não foi a crise climática, não foi nada disto que fez tremer o Governo de António Costa. Foi o próprio Governo.
A sucessão de erros políticos e de casting na escolha de novos governantes está a causar enorme erosão na credibilidade do Governo e na imagem do primeiro-ministro. Costa é, em última análise, o responsável pelos falhanços do Governo. É verdade que não são falhanços na governação, mas no estado em que as coisas estão os sucessos da governação parecem ser de menor importância.
Nunca antes se tinha visto um governante ser demitido logo após ter sido nomeado. Não se sabia ser possível que o Estado aceitasse indemnizar um administrador em meio milhão de euros para, logo a seguir, o contratar de novo. O regime de privilégios da casta de dirigentes políticos tornou-se uma ofensa para o cidadão comum.
Nada disto é novo, nem exclusivo de um único partido político. Os pecados da direita não são menores, mas não são de agora e estão esquecidos. O Governo aguenta-se enquanto tiver apoio popular relevante. Quando isso mudar, qualquer facto político servirá para dissolver a Assembleia da República. Lembram-se das trapalhadas de Santana Lopes? Os snipers receberam ordens para disparar a matar.