Claudisabel, ainda jovem, morreu de borla. A viver no Algarve, deslocou-se a Lisboa para participar num programa de televisão de domingo à tarde. Um daqueles programas que são pagos pelas autarquias, porque lhes interessam aparecer nas televisões, mas onde, na maioria dos casos, os artistas convidados não são pagos pelas atuações que fazem.
As autarquias pagam aos canais de televisão, mas os artistas não recebem cachet. Vão para serem vistos, na esperança de que, algum dia, os organizadores de festas e bailaricos populares se lembrem deles e os convidem para atuar.
É um mundo cão de exploração laboral. Foi nestas circunstâncias que a cantora Claudisabel acabou por morrer de madrugada, numa autoestrada de regresso a casa. Se lhe tivessem pago cachet, talvez ela optasse por dormir num hotel, descansar, antes de voltar a fazer mais 300 kms de viagem.
Foram vários os testemunhos que recolhemos, todos anónimos, relativamente à produção destes programas de televisão. Dizem-nos mesmo que há até casos que se assemelham a extorsão, como um depoimento recolhido onde se afirma que “alguns cantores, pagam às produtoras para irem aos programas de televisão. Isso é um esquema que sempre existiu.”
Acabou a escravatura?
Pois é…tantas formas de escravizar tem o glamour, até!
O trabalho de actuação nada mereceu. E só a família há-de chorar a morte de uma mulher ainda jovem, que investia na sua imagem à espera de um lugar ao sol.
De resto, consciências tranquilas.
Devem ter-lhe dito: Feliz Natal…