No relacionamento com trabalhadores, as empresas de comunicação social são semelhantes a tantas outras e as salas de redação não são santuários. Onde trabalham mais de duas pessoas há potencial de conflito. Umas vezes pela competição inerente ao exercício da profissão, outras vezes por invejas e outros “pecados” de carácter, o ambiente de trabalho deteriora-se com frequência.
O caso mais recente vem da RTP, onde há um jornalista suspenso “por várias vezes, ter olhado fixamente para o seu ‘superior hierárquico’ Hélder Silva”, segundo rezam as crónicas, o que é considerado “uma atitude provocatória, hostil, intimidatória, ameaçadora e agressiva”. Sobre este caso, a Comissão de Trabalhadores da RTP afirma que os pretextos apresentados na nota de culpa com vista a despedimento de Hugo cadete “são fúteis”.

Ainda na RTP, Inês Gonçalves também tem um processo disciplinar com vista a despedimento. Neste caso, trata-se de uma eventual falha de ética quando a jornalista aceitou apresentar a gala do 110.º aniversário da Associação Futebol do Porto, no passado dia 10 de setembro, evento que foi difundido pelo Porto Canal.
Na SIC reina a paz, neste momento, aparentemente, mas a TVI tem tido alguns sobressaltos. Depois dos conflitos com Ana leal, Alexandra Borges e Judite de Sousa, que saíram da empresa intempestivamente, há o caso mais recente com a jornalista Conceição Queiroz.
Segundo foi noticiado, a jornalista estará a sofrer bullying por parte da direção, num processo de degradação propositada do ambiente que a rodeia para, eventualmente, criar condições para a sua saída da empresa. Conceição Queiroz não presta declarações, mas o que foi publicado pela TV Guia não foi desmentido pela TVI.
Este tipo de conflitos pode ter diferentes motivações. Podem ser casos de mera inimizade que levam à má gestão de recursos humanos, incompetência das chefias incapazes de potenciar os ativos de que dispõem. Podem ser razões economicistas. O patrão querer desfazer-se dos trabalhadores com melhores salários, por pensar que pelo preço de um compra três. Podem acontecer interferências políticas, como parece terem sido os casos de Sandra Felgueiras (quando saiu da RTP) e o de Manuela Moura Guedes (quando saiu da TVI). As empresas podem sobreviver, mas o jornalismo vai morrendo. Más condições de trabalho potenciam a manipulação. Não há jornalismo quando os jornalistas vivem aprisionados pelo medo de perder o emprego.