DESFAZER LIVROS, FAZER ARTE

Está patente até 22 de Outubro na galeria da Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana, em Cascais, a exposição «Povoamento disperso», desenhos e pinturas da autoria de Gisela Miravent. A pintora arranca as páginas aos livros e diverte-se a desenhar sobre eles!...

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Assume-se a artista como ilustradora. De facto, deu-lhe para agarrar em livros antigos, desmancha-os e faz-lhes bonecos por cima, amiúde inspirada nalguma das frases que lhes subjazem e que se lhe afigurou digna de realce. Dir-se-á, no entanto, que depressa Gisela Miravent passa do concreto para o onírico. Devaneia. Parte para outros mundos onde a Poesia campeia, a Beleza com ela se entrelaça e… nós ficamos perplexos, dela cativos!

A história de Pinóquio que já ilustrou; a preparação das comidas, que apresentou em livro às crianças, de mão dada com sua avó, Maria de Lurdes Modesto (A Minha Primeira Cozinha Tradicional Portuguesa, de 2012); diálogos entre seres imaginários, ao jeito de Paula Rego… são, entre muitos, os ingredientes que povoam a sua bem saborosa ementa, deliciosamente apresentada na exposição.

Se recomendo a visita? Não! Apenas afirmo que, não a visitando, se perde uma oportunidade única de sentir a Liberdade à solta! E há que ler as legendas.

Gisela Miravent Tavares formou-se em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa. Ilustrou para a AMI o 2º volume das Histórias para não adormecer. Foi, durante dez anos, a coordenadora editorial da revista de bordo da Tap, a Atlantis, e colabora pontualmente com artigos para esta e outras publicações. É Diretora-adjunta do Museu Bordalo Pinheiro (Campo Grande, Lisboa).

– Comunicante pela escrita, é-o também através do desenho e dos seus quadros. Não sei se é esta, em S. Domingos de Rana, a sua primeira exposição individual; que a levou a expor agora e num equipamento que não deixa de ser ainda beijado pela ruralidade?

Esta é apenas a minha segunda exposição, a anterior ocorreu também este ano, n’ A BASE, uma escola artística sediada em Campo de Ourique. De facto, da escola para a biblioteca, sinto-me confortável pelo ambiente naturalmente pedagógico. Professores, livros, arte a fluir, ambiente que propicia o mergulho na criatividade, convoca a imaginação, rodeia-se de gente curiosa e com vontade de aprender. E tem razão: esse beijo de ruralidade encantou-me. Pese variados amigos e conhecidos torcerem o nariz à ideia de saírem de Lisboa para rumar a São Domingos de Rana?! Paciência. Os que querem ver os trabalhos, sempre chegam cá e, felizmente, têm vindo muitas pessoas que considero extraordinárias. Estou muito contente. Os meus desenhos também, há-de reparar que, mesmo os mais azuis e até os vermelhos-fogo, adquiriram um sorriso luminoso. É evidente que exporei com o maior gosto em galeria ou noutra sala que me acolha. Tudo é bom quando vem por bem.

– «Gisela Miravent»: pseudónimo? Nome artístico? Que se esconde por detrás da aparente estranha identificação?   

É mesmo o meu nome. Gisela… creio que a minha mãe pensou no bailado. E bem. Fiz ballet durante longos anos e é das coisas mais bonitas que me sucedeu em vida. Miravent tem origem catalã, consta que antepassados desceram da Catalunha até à ilha Cristina, a sul, onde viriam a dedicar-se à pesca do atum. Existem ou existiram as Conservas Mirabent – não é extraordinário? Mirar o vento?

(para ler toda a entrevista que Gisela concedeu e ficar a conhecer esta extraordinária artista, seguir este link)

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