ANTÓNIO COSTA “É FIXE” !

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O anúncio sobre as medidas para apoiar as famílias e as ajudar a enfrentar o aumento do custo de vida, é o chamado “pau de dois bicos”. Primeiro, porque a maioria das medidas diz respeito a um único pagamento (no mês de outubro) e depois porque, de facto, o Governo acaba de decretar um teto para aumentos salariais e outros rendimentos muito inferior ao da inflação.

slogan tipo “America First” de inspiração trumpista

Vejamos, aumentos pontuais a serem pagos uma única vez:

  1. Pagamento extraordinário de 125 € a cada cidadão não pensionista, com rendimento até 2700 € mensais. Surpreendente fasquia, uma vez que salários de 2700 € mensais, são bons salários e, normalmente, almofada suficiente para enfrentar os problemas da carestia da vida.
  2. Mesmo os ricos vão receber 50 € por cada filho, até aos 24 anos de idade.
  3. Os reformados irão receber meio subsídio de Natal (50% do valor da pensão) no mês de outubro.

Medidas mais duradouras no tempo são:

  1. IVA da eletricidade desce de 13% para 6%. Desconto vai até dezembro de 2023.
  2. No gás, permitir a mudança do mercado livre para o regulado, o que equivale a uma diminuição de 10% nos custos do consumo. Seria mais fácil, talvez, acabar com a treta do mercado livre. Está mais do que provado que a produção e distribuição dos bens essenciais nunca deveria ter sido privatizada.
  3. No gasóleo e gasolina mantêm-se as reduções das taxas já anteriormente decretadas e regressa a devolução da receita adicional do IVA.

A cereja no topo do bolo será o compromisso de não aumentar em 2023 o passe dos transportes públicos. As empresas serão compensadas por outra via.

No meio das chamadas boas notícias, algumas menos boas. Baseado numa expetativa, o valor de referência para aumentos de salários, pensões, tarifas ou rendas será de 2% em 2023. Imaginamos já sindicalistas e patronato a rosnar ameaças, embora por razões opostas. Convém não esquecer que a inflação ronda os 10% e que pagamentos pontuais e reduções temporárias de taxas e taxinhas, não eliminam a corrosão permanente dos rendimentos provocada pela inflação. Só as pensões terão um aumento superior a 2%.

António Costa diz que medidas para apoiar empresas serão anunciadas brevemente.

No final do discurso, o primeiro-ministro português atribuiu culpas à guerra e a quem a faz, pelo caos económico em que estamos a mergulhar. Uma afirmação ambígua, suscetível de diferentes interpretações.

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