Nos Estados Unidos, um grupo privado de laboratórios de produtos farmacêuticos utiliza animais para testes de toxicidade e experimentação das drogas que desenvolve. Não estamos a falar de ratinhos, mas de cães. Estranhamente, apenas cães de raça Beagle.
O grupo é composto essencialmente por dois grandes laboratórios, segundo a agência Reuters. Inotiv Inc e Envigo. Dedicam-se à pesquisa de novas drogas para tratamento de um grande leque de doenças que afetam humanos, desde a diabetes ao lupus, do reumático à hipertensão, da neurologia à oncologia.
O problema é que o sacrifício de animais é mal aceite pelas pessoas, mesmo aquelas que poderão, eventualmente, um dia vir a precisar dos medicamentos que estas empresas desenvolvem. E isso reflete-se nas leis dos países onde a opinião pública consegue ter força para influenciar os legisladores.
Os problemas para estes laboratórios começaram em maio passado, quando o Departamento de Justiça dos EUA processou a Envigo, alegando violações da Lei de Bem-Estar Animal nas instalações em Cumberland, Virgínia. A empresa-mãe Inotiv Inc garantiu que iria fechar as instalações onde se reproduziam os cães para as experimentações laboratoriais. Mas não cumpriu.
Agora, uma inspeção das autoridades descobriu que não só as experiências com os cães prosseguiam como os animais que ficavam doentes eram mortos, em vez de serem tratados.
Descobriu-se, ainda, que os cães eram alimentados com rações fora do prazo e com larvas, que as cadelas grávidas ou a amamentar eram deficientemente alimentadas e que os alojamentos eram impróprios, jaulas diminutas ou expostas às intempéries. Um horror, em nome da redução de custos.
É assim que cerca de 4.000 beagles estão a ser resgatados das mãos destes cruéis humanos. Quatro mil cães, uma tarefa hercúlea para as associações de proteção animal locais.





“Vai levar 60 dias para tirar todos esses animais, e trabalhar com nossos parceiros de abrigo e resgate em todo o país, trabalhando com eles para colocar esses cães num lar”, disse Kitty Block, presidente e executiva-chefe da Humane Society dos EUA, citada pela agência Reuters.