Vai longa e desinteressante a peixeirada protagonizada por Judite de Sousa e pelos mais altos quadros da TVI que, à vez (primeiro Nuno Santos, depois José Eduardo Moniz), vieram desmentir ou lamentar as acusações da jornalista.
Judite saiu a partir a loiça. Diz que não tinha contrato, que passava recibos verdes, que foi para a Ucrânia sem dinheiro, etc. Quem conhece bem os meandros das empresas de comunicação social, sabe que é pouco provável que alguém saia em reportagem para o estrangeiro sem ajudas de custo. Principalmente se o destino é um país nas circunstâncias em que se vive na Ucrânia. É possível ir sem seguro de vida, isso é até banal. Mas não sem dinheiro. Quanto aos recibos verdes, parece evidente que a Judite de Sousa fala verdade. Não havia nenhum contrato de trabalho, ninguém o exibiu, pelo menos.
O que é estranho é a jornalista ter aceite voltar para a empresa nessas condições. Afinal, ela era uma das “caras” do canal, uma estrela da pantalha. Ainda se fosse uma estagiária, compreendia-se a aceitação de condições laborais precárias. Mas Judite de Sousa já há muito que deixou de ser estagiária.
Depois de uma carreira quase sempre na mó de cima, Judite chega ao fim de forma triste. Aceitou o inaceitável, a acreditar que diz a verdade. E continua a dar um péssimo exemplo a todos os outros jornalistas, ao limitar estas questões a uma peixeirada nas redes sociais. Judite devia ter movido um processo contra a empresa no Tribunal de Trabalho, devia ter feito queixa à ACT e, mesmo sem ser sindicalizada, devia ter participado ao Sindicato dos Jornalistas o que se estava a passar.