Do Mal.
O Eng. Sócrates só foi possível porque numa comparação entre duas moedas más, aliás, uma péssima e uma má, o Dr. Cavaco colocou duas folhas de figueira no artigo e chamou ao senhor engenheiro a moeda boa.
Este generoso acto de promoção do Eng. Sócrates só aconteceu porque no Congresso da Figueira da Foz (há sempre uma figueira) o Dr. Cavaco apoiado e guiado pelo Eng. Eurico de Melo usurpou democraticamente o poder ao Dr. João Salgueiro, reputado economista e mais do que provável lider, um brilhante pensador da área social-democrata. Nesta cruzada fizeram parceria com os na época lideres da JSD, Pedro Pinto e Pedro Passos Coelho. Dito de outra forma, os dirigentes da JSD venderam-se para terem lugares elegíveis nas listas de deputados. Recapitulando, temos a serpente, a maçã e o pecado original.
Desde que tomou o poder o Dr. Cavaco contou com a ajuda divina, quando Hermínio Martinho e o extinto PRD provocaram uma crise suicida no parlamento e deram origem a uma maioria absoluta.
Vem dessa altura a frase do raramente me engano e nunca tenho dúvidas, comum entre os ignaros, aqueles a quem a soberba não poupa.
Se no pós 25 de Abril, no PREC, nos períodos bombistas, as ruas deste país se transformaram no caos, o Dr. Cavaco elevou o patamar, inovou mesmo, colocando polícias a bater em polícias tendo o seu apogeu na carga policial da ponte 25 de Abril.
O Dr. Cavaco colocou Portugal como um dos 3 estados que não foram solidários com Nelson Mandela, símbolo maior da luta pela justiça e liberdade numa das votações da ONU em 1987. Pela verdade, a política externa é da competência do governo.
O Dr. Cavaco vetou a lei da paridade de deputados em 2006, aprovada na AR ultrajando todas as mulheres e enviando uma clara mensagem de misoginia correndo contra a civilização.
O Dr. Cavaco fez o mais vergonhoso discurso numa reeleição presidencial, sem honra nem glória na hora da vitória.
O Dr. Cavaco queixou-se de que a sua pensão mal dava para as despesas enquanto tranquilizava os portugueses sobre o BES dizendo que era sólido.
O Dr. Cavaco não foi prejudicado, para não estar a escrever beneficiado, com as acções da SLN, tanto na venda como na compra porque terá tido acesso a informação privilegiada, como sugeriu Alberto Queiroga Figueiredo ao Jornal de Negócios (8/1/2011).
Sobre este assunto esclareceu um dia que para serem mais honestos do que ele teriamos que nascer duas vezes.
O Dr. Cavaco deixou uma marca de ódio e separação entre os portugueses que Pedro Passos Coelho tentou seguir, embora sem o brilho diáfano do seu mentor. Todos os tiranos escolhem esta abordagem. Para Hitler foram os judeus, por cá é o norte/sul no desporto ou o recuperado discurso do António Salazar sobre os portugueses de bem.
Nas entrelinhas do discurso de Ventura estão lá todas as ideias do Dr. Cavaco. Nisso ele tem razão, é o herdeiro de Cavaco com um bafio muito mais salazarengo.
Da Esperança.
Numa recente entrevista Luís Montenegro assumiu Cavaco, Durão Barroso e Passos Coelho como as suas referências no partido. Obviamente Sá Carneiro estará sempre presente.
Luís Montenegro recuperou os rostos daqueles que castigaram o país acima das suas possibilidades, daqueles que exigiram um esforço maior do que era necessário como ele próprio admitiu. Rodeou-se de militantes que publicamente sairam em defesa de posições do Chega como Miguel Pinto Luz.
Tem a palavra de honra de Rui Rio de não ver o seu trabalho boicotado ao contrário deste que teve sempre metade do aparelho contra ele.
Os sinais não são de esperança. Saíu do congresso e foi directamente para a terra queimada ao estilo Ventura, porque é nisso que este PSD se está a tornar, um Chega no discurso e na acção.
Da res publica.
O contraste com Moreira da Silva que delimitou o campo é demasiado claro: “no PSD não cabem racistas, xenófobos e populistas”.
O PSD precisa de um lider com mundo, com obra publicada, com estudo, com ideias de progresso e desenvolvimento social. Um lider que dentro de dois anos seja capaz de dar finalmente uma vassourada, que convoque os autarcas, os representantes das instituições culturais e sociais de cada concelho, aqueles que lidam com e conhecem os problemas do quotidiano do nosso povo, dos jovens e de apostar neles, de dar um sinal claro que aquilo que vale e conta no PSD é trabalho de e para o povo. Afirmar finalmente a marca distintiva de um partido que se quer verdadeiramente do povo. Afirmar a res publica.