Pedro Pablo Pichardo dedicou a Portugal o seu título de campeão do mundo do triplo salto, 72 horas depois do líder da extrema-direita ter afirmado estar farto de imigrantes.

Não há melhor forma de calar os xenófobos do que mostrar-lhes quanto vale um imigrante.
Na verdade, Pichardo não precisa de provar nada seja a quem for. Campeão do mundo, campeão olímpico, recordista de Portugal, veio de Cuba à procura de condições de vida e de treino que lá não tinha. Ainda assim, foi como cubano que venceu o mundial de juniores. O record de Cuba no triplo salto é de 18,08 metros e foi obtido por Pichardo.
Quando desertou de Cuba, Pichardo foi para a Suécia. Mas o frio era demasiado para um filho dos trópicos. Portanto, o verdadeiro fator que levou o atleta a optar por Portugal foi o clima ameno do sul da Europa.
O Benfica ultrapassou rapidamente todos os entraves burocráticos quanto a autorizações de residência e obtenção de nacionalidade. Não foi um processo isento de suspeitas, mas Pichardo calou os críticos com aquilo que sabe fazer: vencer provas e obter títulos. O Presidente da República já lhe pendurou ao pescoço uma comenda: a Grã Cruz da Ordem do Mérito. Já fez mais por Portugal do que muitos portugueses.
Medalha sempre bem-vinda, mas, de modo especial, neste momento, em que as vozes xenófobas se querem fazer ouvir.
Parabéns pelo oportuno aproveitamento jornalístico!