ALTA TENSÃO na Assembleia da República

No passado dia 21 aconteceram muitas coisas na Assembleia da República. A mais badalada foi o abandono do plenário pelos deputados do Chega que nem votaram a proposta do seu próprio partido. Mas os acontecimentos mais significativos foram as cenas de intimidação a jornalistas e assessores de outros partidos que elementos do Chega alegadamente levaram a cabo.

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No dia em que os 12 deputados da extrema-direita viraram costas ao plenário da Assembleia da República, mais algumas coisas aconteceram que ajudam a caracterizar o comportamento ideológico do Chega.

Nos corredores de São Bento houve uma altercação entre Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega e o assessor do PS Nuno Saraiva. Segundo relatos de várias testemunhas, Pinto e Saraiva trocaram alguns “mimos” e “piropos”. Diz quem ouviu que o deputado do Chega terá dito ao assessor socialista “Óh, anão! Tu para me chamares fascista tens de crescer muito!”

o momento dos insultos ficou gravado

Nuno Saraiva, nas redes sociais, gosta de chamar os bois pelo nome. Por exemplo, no seu mais recente twitt, a propósito do que Augusto Santos Silva disse no parlamento na discussão sobre o estatuto dos imigrantes, Saraiva escreveu que “é assim que se combatem os fascistas, racistas e xenófobos, saudosistas do 24 de abril de 1974.”

O “VISITANTE” INFILTRADO NOS PASSOS PERDIDOS

Um pouco antes deste confronto entre Pedro Pinto e Nuno Saraiva, mesmo no final da conferência de imprensa do Chega, um dos jornalistas da RTP que cobrem as atividades parlamentares sentiu-se “incomodado”, ao ser interpelado por Manuel Matias que lhe perguntou se ele “era jornalista”.

Manuel Matias é um ex-assessor do Chega, pai da deputada Rita Matias. Este antigo assessor foi obrigado a abandonar a função devido a incompatibilidades denunciadas pela ONG Transparência Internacional. No entanto, continua a entrar diariamente na Assembleia da República como “visitante”, dizem os jornalistas que lá trabalham. Ora, um visitante não pode circular por onde quer na Assembleia da República e uma das zonas interditas é, precisamente, os Passos Perdidos. Ao ser interpelado pelo “visitante”, o jornalista respondeu que a presença dele, naquele local, era ilegal.

Manuel Matias

Claro que uma discussão deste teor, à frente de várias testemunhas, não pode deixar de ter consequências. Os serviços de segurança da Assembleia da República terão de interditar o acesso a “visitantes” que circulam ilegalmente no interior das instalações e que, eventualmente, põem em causa o normal funcionamento de deputados e jornalistas.

Há relatos de vários jornalistas que foram pressionados por Manuel Matias, a propósito de artigos publicados. Evidenciando preocupação com estas cenas do Chega, o Sindicato dos Jornalistas divulgou um comunicado, no passado dia 22, onde afirma que “os responsáveis da Assembleia da República, em especial o seu presidente, devem estar atentos a atitudes que configuram um comportamento intimidatório para com os jornalistas no desempenho da sua profissão.”

título do comunicado do Sindicato dos Jornalistas

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