Os governos da Europa estão a falhar nas suas obrigações de proteger a saúde pública. A acusação consta num recente relatório sobre contaminação com pesticidas de frutas e vegetais que consumimos todos os dias.
O relatório é da autoria da organização Pesticide Action Network Europe. É um documento extenso e nele constam os produtos mais envenenados que consumimos, os venenos mais utilizados e os países mais permissivos a este estado de coisas.
Quanto a vegetais, o perigo reside em quase tudo o que existe no mercado, mas à cabeça da longa lista estão aipos, couve de bruxelas e alface, como sendo os que contém maior quantidade de pesticidas.
Quanto aos pesticidas, foram detetados mais de 30 produtos potencialmente perigosos para a saúde pública. Nos primeiros lugares da lista estão “temperos” como fludioxonil, cyprodinil ou tebuconazole. O suficiente para qualquer um perder o apetite, não?
Quanto aos países que mais produzem alimentos envenenados, o podium está ocupado pela Bélgica, Irlanda e França. Portugal aparece no 11º lugar, numa lista de 35 países.

Quanto a Portugal, o relatório especifica que maçãs e peras portuguesas estão entre as frutas com maior quantidade de pesticidas perigosos detetados. O relatório diz que em 85% das peras e 58% de todas as maçãs testadas foi encontrada contaminação por pesticidas perigosos. Em lugar de destaque está também a cereja, onde em cerca de metade das amostras analisadas foi encontrado quantidades anormais de pesticidas.
A agricultura utiliza estes produtos venenosos para combater pragas e doenças infestantes e, assim, aumentar a produção. Trata-se de uma preocupação meramente economicista, que despreza as consequências que implica na saúde pública, nomeadamente na ocorrência de doenças cancerígenas. Com o aumento exponencial da agricultura intensiva, o problema agrava-se, diz o relatório que estamos a citar.
Criticando a indústria do setor que argumenta que não há alternativas aos pesticidas, a Pesticide Action Network Europe aconselha técnicas de agricultura biológica para controlar pragas. E acusa os governos de protelar a proibição de determinadas substâncias para proteger os interesses da agricultura intensiva usando produtos químicos. É a evidência da influência que os lobbys da agricultura intensiva exercem sobre os políticos.
