Receber refugiados dá nisto…

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O que liga Kabul a Beja? É uma pessoa que constrói pontes com um pincel. Chama-se Kaihan Hamidi e Portugal tem a sorte deste refugiado ter aqui chegado.

Kaihan vivia em Kabul, era professor de arte e pintor. Um artista de grande prestígio na sociedade afegã. O regresso dos taliban ao poder e a fuga dos americanos fizeram de Kaihan um proscrito. Os taliban não são apreciadores de arte.

Kaihan fugiu com a família e depois de algumas etapas em Doha e Lisboa, acaba por chegar a Beja. Vive com o apoio que o Estado português lhe concede pelo estatuto de refugiado e a ajuda da Santa Casa da Misericórdia de Beja que lhe disponibilizou uma casa.

Kaihan paga-nos com a sua arte. Retrata o que vê, num estilo muito original. As suas aguarelas são caracterizadas pelo contraste entre a luz e a sombra. É uma pintura muito interessante e esteticamente bela.

Em Kabul, Kaihan tinha uma galeria de arte e uma escola de pintura. Ensinava a sua arte a outros. Em Beja, seria interessante ele poder fazer o mesmo.

a escola de kaihan Hamidi em Kabul, Afeganistão

Numa entrevista ao jornal Correio do Alentejo, Kaihan Hamidi diz que “se sente em casa”, em Beja. Diz que os portugueses são “gentis e amáveis”. Diz que se não fosse a língua que seria “como se vivesse entre o meu próprio povo”. Kaihan fala como um homem agradecido.

Na verdade, somos nós que lhe deveríamos agradecer, porque a presença dele é regeneradora de feridas que sangram da intolerância e do racismo que persistem entre nós.

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