Este ano, o Prémio Miller Guerra foi atribuído a um médico pneumologista, António Ramalho Almeida. Dois anos depois da chegada de uma pandemia que afeta especialmente o sistema respiratório, mas não só, premiar um pneumologista parece fazer sentido.
Mas acontece que se trata de um médico que não trabalha no SNS. Apesar de no comunicado em que a OM anuncia a entrega do prémio se referir que este médico trabalhou no Centro Hospitalar de Gaia, a verdade é que não é lá que trabalha.
No site do Centro Hospitalar de Gaia não há sequer notícia da distinção. Lá estão notícias de outros prémios atribuídos a elementos que trabalham naquele hospital. É o caso de João Luís Barreto Guimarães, cirurgião, que venceu o XVII Grande Prémio de Literatura dst.

Ou, ainda, a distinção atribuída a Soraia Rodrigues, enfermeira especialista, que venceu o 1º prémio no Congresso Português de Cardiologia 2022 com um artigo sobre a reabilitação cardíaca.
Onde António Ramalho Almeida surge como pertencendo ao quadro médico é no site do Hospital da Luz (do antigo Grupo Espirito Santo Saúde), um hospital que sorteia automóveis pelos seus novos clientes…

Ou seja, não deixa de ser estranho que 2 anos depois de uma pandemia, a Ordem dos Médicos resolva premiar um médico do privado e não um médico do SNS.

Sem qualquer desconsideração pela carreira médica do premiado, este prémio teria outra dimensão e outro reconhecimento público, se tivesse sido atribuído a um dos tais heróis a que todos bateram palmas quando estávamos aflitos e a morrer com covid-19.
Assim, mais parece um prémio de carreirista do que um prémio de carreira. É como se fosse um prémio atribuído pela “Ordem dos Médicos do Privado”…