Se encontrar um sapato do tamanho de um autocarro de dois andares ou um coração de filigrana com 3 metros de altura, pode ter a certeza de duas coisas: são peças de arte e a artista chama-se Joana Vasconcelos.
Dizem dela que é uma pessoa excessiva, uma traficante de exageros. Ela diz ser uma pioneira, talvez uma espécie de revolucionária.
A verdade é que Joana Vasconcelos faz arte à sua escala, sem dietas nem preconceitos aparentes. Os críticos criticam-na, mas as exposições em que participa batem recordes de bilheteira.
O gigantismo é a sua imagem de marca. Talvez o povo goste de ficar embasbacado a olhar para construções que fazem lembrar aranhas gigantes ou para joias que pesam 3 kg. Sim, parte do sucesso desta artista deve ter a ver com isso.
E a outra parte do sucesso deve ter a ver com o sorriso que nos provocam bules de chá com pé direito ou lavatórios de wc embrulhados em tricot. Sim, há algum oportunismo no aproveitamento de objetos de uso comum dando-lhes roupagens e dimensões inusitadas. É isso arte? Porque não?
A verdade é que a mulher não tem sossego. Corre mundo a aceitar convites para estar em exposições e a cumprir encomendas para museus e galerias privadas. Mais lá fora do que cá dentro, é verdade. Mas isso não surpreende.