Não é grande a tolerância revelada pelas entidades oficiais representantes do estado ucraniano, no caso a senhora embaixadora Inna Ohnivets e o senhor presidente da Associação de Ucranianos em Portugal.
Depois do PCP ter votado contra o convite a Zelensky para discursar na Assembleia da República, a embaixadora revelou que já tinha feito várias “notas verbais” endereçadas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros a manifestar desagrado pelas posições políticas do PCP.
É extraordinário que o ministro do Governo português não tenha retribuído o mesmo desagrado pelas tentativas da senhora embaixadora de censurar a voz de um partido político do país que a recebe.
Nem se percebe bem o que pretenderia que o Governo português fizesse. Talvez na Ucrânia o Governo mande calar partidos políticos e deputados, mas em Portugal ainda não se voltou a fazer dessas coisas.
A verdade é que depois do voto contra do PCP, a Associação dos Ucranianos em Portugal convocou uma manifestação para a porta do Centro de Trabalho do PCP na avenida da Liberdade. O discurso do presidente associativo, Pavlo Sadokha, foi uma ressonância das palavras proferidas antes pela embaixadora, tentando inclusivamente responsabilizar o PCP pela invasão russa.

Nas notícias, a manifestação teve pouco eco, talvez porque foi um fracasso em termos de adesão popular. Por exemplo, a CNN Portugal falou em 30 manifestantes e o jornal online Observador contou 100 participantes na manifestação.
EMBAIXADORA NÃO QUER BANDEIRAS BRANCAS
Há cerca de 15 dias houve uma outra manifestação contra a invasão da Ucrânia e pelo restabelecimento da paz que, apesar das boas intenções dos promotores, foi muito mal recebida pela embaixadora Inna Ohnivets.
A razão apresentada para repudiar essa manifestação foi a utilização de bandeiras brancas, e não de bandeiras ucranianas.
Os manifestantes explicaram que a bandeira branca é o símbolo da paz, segundo a Convenção de Genebra. Mas para a embaixadora, a bandeira branca simboliza a rendição e, diz ela, a Ucrânia jamais se renderá.
Esta manifestação foi organizada pelo Grupo Ação Motociclista, uma associação de motards sem nenhuma ligação político-partidária.
