QUANDO A NATUREZA DECLARA GUERRA

MORTE E DESTRUIÇÃO NO CAMINHO DO CICLONE GOMBE QUE TAMBÉM AFETOU VALIOSO PATRIMÓNIO HISTÓRICO PORTUGUÊS EM MOÇAMBIQUE.

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A Ilha de Moçambique já enfrentou milhares de ciclones e tempestades tropicais. Aquelas casas e as muralhas do forte militar, há 500 anos que resistem ao desgaste do vento, do mar e da água que cai do céu. Há sempre coisas que se estragam e vidas que se vão mas, com tempo, tudo se regenera.

Desta vez foi duro. O ciclone Gombe estragou e matou ao longo da costa moçambicana. Desde a Tanzânia até à cidade da Beira, a devastação é imensa. Mais de 200 mil famílias desalojadas. Casas derrubadas, colheitas perdidas, vidas ceifadas.

As casas reerguem-se com pouco, são frágeis, biodegradáveis, basta que as pessoas recuperem as forças. Já as comodidades da modernidade são mais difíceis de reaver. Os postes de eletricidade ficarão caídos durante bastante tempo, as estradas são mais difíceis de refazer.

Portugal tem na Ilha de Moçambique um inestimável espólio histórico, arquitetónico, cultural. Um tesouro esquecido. O socorro tarda a chegar…

Yolanda Teixeira Duarte vive ali. Conta que “nos três primeiros dias ninguém teve nada para comer. Quem tinha alguma coisa, deu tudo.” Mas continua a não haver eletricidade nem água potável canalizada.

Nestes dias de aflição, 15 parturientes deram à luz num hospital à luz da vela. É assim, quando a natureza declara guerra.

A assistência médica é um problema crónico para populações que vivam longe das cidades maiores. Antes do ciclone chegar, o escritor José Eduardo Agualusa (residente na Ilha) refugiou-se em Maputo. “Fugi para Maputo, via Nacala, com a Kianda. Ela esteve muito doente há poucos dias, acaba de recuperar, e não a quero ver outra vez mal, sem médicos nem medicamentos. Aquilo foi uma desgraça…” disse-nos Agualusa.

A distância não impediu de saber novidades sobre o sucedido com a vizinhança: “A cidade de pedra aguentou melhor, mesmo assim muitas casas ficaram sem telhado, e outras sem portas e janelas. Na cidade de Macuti caiu quase tudo. Ficámos sem electricidade, sem água e sem net… Agora é esperar que não venha a seguir uma epidemia de cólera ou um surto de malária.”

A Ilha e muitas localidades na costa moçambicana precisam de apoio, de uma mão que ajude tanta gente a ficar de pé outra vez.

Como já foi divulgado aqui antes, em Portugal a Caixa Geral de Depósitos tem uma conta solidária com o IBAN PT50 0035 0646 00016756530 20. Quaisquer dúvidas, esclareçam-nas por email  info@makobo.co.mz com Ruy Santos.

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