Filomena Cautela é uma apresentadora diferente. Não vale pela figura, não vale pela voz, não vale pela técnica, vale por ser diferente do que é normal vermos numa apresentadora de televisão – a irreverência (mesmo se coreografada) e a interpretação subtil dos textos (que são muito bons).
No episódio do dia 26 de março, Filomena Cautela falou-nos de ativismo em tempo de guerra. Damos de barato que o guião nem tentou sair do pensamento dominante sobre o que se passa na Ucrânia (o que seria um grande risco). A chalaça com a filha do Putin, que se chamará Putina, foi a roçar a ordinarice própria de um show de stand-up comedy, mas que não se admite num programa de televisão.
O programa que analisamos teve o condão de recordar temas e problemas sociais que caíram no esquecimento: racismo e o Movimento Black Lives Matter; o massacre de Tiananmen, em Pequim; o Movimento dos Sem Terra, no Brasil, entre outros.
Falou um pouco do que se passa em Portugal com a luta pela igualdade de género, numa curta conversa com os ativistas LGBTI do duo musical Fado Bicha e recordou o movimento Que se Lixe a Troika que há uns anos promoveu a maior manifestação supra-partidária jamais realizada em Portugal.
O fio condutor do programa está nos textos que Filomena debita a alta velocidade. Muita gente não deve conseguir acompanhar o matraquear palavroso. Talvez este seja o principal problema deste programa. O timbre vocal da apresentadora torna-se, por vezes, demasiado estridente, na ânsia de dizer tudo em pouquíssimo tempo. É um estilo pouco eficaz para segurar audiências.
A aligeirar a coisa, volta e meia introduzem referências mais popularuchas. Foi o caso dos exemplos dados relativamente a casos resolvidos depois de terem surgido em petições populares na internet. O exemplo mais engraçado, por acaso, não foi o que teve maior adesão popular… a eleição de Fernando Mendes como o homem mais sexy…. É a parte humorística do Programa Cautelar.
O programa não tem apenas o nome da apresentadora. Filomena entrega-se de alma e coração a esta produção. É o que passa para o lado de cá da pantalha. Não será ela a escrever os textos nem a escolher os temas, acreditamos nós, mas seja quem for que o faça, fá-lo a pensar na pessoa que dá o corpo, a cara e a alma ao Programa Cautelar.
Há gostos para tudo.
Aprecio mais o humor inteligente , coisa que ela não tem.
Mais uma xuxalista a sugar o nosso dinheiro