Lojas com História mas sem futuro

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O comércio tradicional está a desaparecer, agonizam as pequenas empresas com lojas de rua e que não têm a mínima hipótese de entrar para um centro comercial. Ontem fechou mais uma velha sapataria lisboeta que estava classificada como “Loja com História”.

Há até lei que pretensamente protege este tipo de lojas e de comércio, mas a verdade é que não funciona. É a lei 42 de 2017 que no artigo 3º diz:

Proteção de estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local
1 – Compete aos municípios, nomeadamente no âmbito das suas competências em matéria de gestão urbanística e preservação do património, proteger e salvaguardar os estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local, designadamente:
a) Proceder ao inventário e reconhecimento dos estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local, nos termos da presente lei;
b) Comunicar ao Estado a identificação dos estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local reconhecidos ao abrigo da presente lei;
c) Aprovar regulamentos municipais de reconhecimento e proteção de estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local, nos termos da presente lei;
d)

Lindas palavras, boas ideias, fracos políticos. É o que se pode dizer, perante os factos. Nos últimos anos desapareceram 150 lojas com história, diz a União de Associações do Comércio e Serviços (UACS).

O Duas Linhas já abordou vários casos de Lojas com História que desapareceram. Por exemplo, a Camisaria Pitta, que era onde o ditador Salazar mandava fazer as suas ceroulas. Ou a Viúva Lamego… ou a Casa Frazão… ou da leitaria A Camponeza… enfim, são muitos os casos de delapidação do património à conta de um tipo de desenvolvimento que acaba por descaracterizar a cidade.

Ontem, a sapataria A Deusa, na Baixa de Lisboa, foi despejada. A loja estava de porta aberta há 70 anos. Com o tempo, o negócio enfraqueceu. As grandes superfícies “não fazem prisioneiros”, matam tudo que lhes possa fazer concorrência.

O dono do edifício não é ninguém que tenha coração. É um fundo imobiliário estrangeiro. Meteram na Câmara Municipal um projeto para mais um hotel. Lisboa precisa de muita coisa, mas não será de mais hotéis. A Câmara bem podia chumbar o projeto. Veremos se o autarca tem peito para tal ou por quantas moedas se deixará convencer…

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