Começando pelas boas novas, a primeira, excelente mesmo, é o desenho de uma clara vitória do homo sapiens sobre essa terrível ameaça, que é o covid-19. Os danos a suportar são colossais, e a Humanidade ainda tem pela frente um longo e tortuoso caminho, com inegáveis avanços e recuos, mas conseguiu resistir bem e já consegue conter muita da devastação que se previa.
A outra boa notícia consiste no salto qualitativo que se verifica no debate político, em Portugal, com a introdução de novos conceitos e executantes: algum desacerto existente, de momento, entre os diversos canais concorrentes, terá dado aso a um combate mais equitativo, “libertando” diversos jornalistas submissos às “vozes-dos-donos”; mas também o presente confinamento sanitário terá sido decisivo para marcar uma campanha eleitoral diferente, com programas mais consistentes e melhores desempenhos pessoais.
É certo que muita gente ainda procura concentrar-se em “touradas”, como a prisão perpétua e a eutanásia, enquanto outra persiste na troca de “graçolas” que apenas visa desviar as atenções dos verdadeiros problemas e arregimentar eleitores confusos e inseguros. É, no entanto, bem notória a introdução de novos temas no discurso político, com propostas distintas e que propõem uma reflexão séria sobre o nosso futuro coletivo.
E bem precisados andamos de mudança, porque são múltiplas as desgraças que, aceleradas pela Covid-19, irão provocar tremendas “mutações” no mundo atual:
1 – O desafio da China e da Índia que, numa globalização sem freios, já hoje controlam a indústria europeia e americana.
2 – A disrupção militar à escala mundial, que faz temer a entrada de Portugal numa próxima confrontação.
3 – A anunciada subida dos juros sobre os empréstimos, que irá apertar as contas públicas e das famílias endividadas e comprometer qualquer planificação certa e segura.
4 – O espetro da bancarrota do sistema financeiro mundial, desastre que só ainda não aconteceu porque alguns bancos centrais insistiram em injetar somas astronómicas, adiando assim o bloqueio das nossas próprias contas privadas.
5 – A imigração descontrolada, que está a alterar a composição social e os hábitos de países-chave de uma Europa “balcanizada” e que já nem controla a aplicação das leis, em significativas parcelas do seu território.
6 – A nossa total dependência de um espaço geopolítico dominado por empórios económicos sem rosto nem pátria, assentes na exploração da mão-de-obra internacional.
7 – O brutal aumento da fatura da energia, com agravamento nos custos de toda a produção agroindustrial, a que se soma uma bem orquestrada subida nos transportes de mercadorias e a contração na mobilidade das pessoas, esta a afetar os destinos turísticos.
8 – O “golpe de estado em câmara lenta” a que se assiste na esfera social, traduzido no declínio do nosso SNS, da SS e das escolas públicas integradoras das minorias.
9 – A degradação do funcionamento do Estado de Direito e da generalidade das Administração Pública, traduzida no aumento de impostos que alimentam uma burocracia assente numa cultura que despreza os direitos humanos, o empreendedorismo e os méritos individuais, provocando a debandada dos jovens.
10 – O nosso distanciamento face à dita “CPLP” que, hoje sem rumo nem projeto, e perante a turvação europeia, dificulta uma “saída” semelhante à da crise de 1808.
11 – A lenta agonia de uma classe média subjugada aos poderes dominantes e que diariamente perde rendimentos, influência social e capacidade de intervenção.
12 – A estonteante revolução informática e tecnológica que, durante a pandemia, deu um salto prodigioso nas áreas da bio e nanotecnologia, comunicações e energia.
13 – O reforço de uma contracultura que despreza a estrutura familiar tradicional, a solidariedade e a ética, abrindo caminho ao egoísmo e à aniquilação das formas tradicionais de relacionamento humano.
14 – A que se junta um quadro de orientações políticas desastrosas que só “desregulam” o mercado e favorecem a corrupção.
15 – E a que ainda podemos somar as alterações climáticas…
Em resumo, num futuro próximo, os portugueses terão de se prevenir contra uma “tempestade perfeita” que, mais do que ameaçar a segurança e bem-estar das novas gerações, poderá até comprometer a sustentabilidade do nosso próprio país. E, assim sendo, como é, qual o “voto útil” nas próximas eleições?
Será “útil” insistir na perpetuação da alternância entre “líderes inteligentes”, mas rodeados de gente corrupta e sem competência técnica, com “políticos burros” eventualmente sérios, mas igualmente servis aos mesmos interesses de sempre?
Será que o homo sapiens na generalidade, e os portugueses em particular, ainda irão a tempo de travar o novo “homo larapiens”, uma pandemia em ascensão e que se revela muito mais inquietante do que qualquer das mutações dos coronavírus?
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