A escola de Sócrates é hoje escola de meninos-bem

Há menos de um ano, a nova escola foi inaugurada. Recebeu visitas importantes, Fernando Medina discursou a elogiar a iniciativa, mas foi tudo muito discreto, quase sem notícias.

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1994

A United Lisbon International School abriu portas nas mesmas instalações onde funcionou a Universidade Independente. Para os mais distraídos: a escola onde José Sócrates obteve o seu diploma de engenheiro.

Na verdade, sabia-se de um megaprojeto para o local. Com a pandemia as atenções dos jornalistas ficaram confinadas, mas o projeto avançou. A escola está a funcionar, edifício de cara lavada, depois de muitas barrelas de lixivia e várias camadas de tinta. O cheiro a podre saiu.

O megaprojeto engloba não só a escola, mas ainda espaços de cowork empresarial, residências para idosos, um hotel. Investimento gordo, não só porque os terrenos e edifícios não devem ter sido baratos, mas há também as obras de raiz ou de adaptação. Tudo junto fala-se em mais de 50 milhões de euros. Uma bagatela para os donos do Grupo Martinhal que já têm investimentos de vulto na hotelaria e no imobiliário em Portugal.

A Universidade Independente morreu em 2007, vítima das guerras da política e das guerras internas pelo poder na empresa que detinha a Universidade Independente.

Na política, com o primeiro-ministro “encostado às cordas” perante claras evidências de facilitismo na obtenção de notas e de créditos que lhe permitiram concluir a licenciatura, o ministro da Educação tentou cortar o mal pela raiz e mandou fechar a escola, na esperança de que o escândalo ficasse debaixo dos escombros da Universidade Independente. Para tentar safar Sócrates, sacrificaram largas centenas de estudantes que tinham investido anos de esforços e o dinheiro das propinas (a rondar os 300 € por mês) e que, de um dia para o outro, ficaram sem nada que lhes pudesse ser útil no mercado de trabalho.

As guerras internas, entre o reitor Luís Arouca e o acionista Rui Verde, presidente da SIDES,  Sociedade Independente para o Desenvolvimento do Ensino Superior, ajudaram o ministro Mariano Gago a encontrar argumentos para mandar fechar a escola.

Foram as viagens em jactos privados, almoços com vinhos de 500 euros, carros muito caros, jóias, mobiliário, casas, durante anos os responsáveis da Universidade Independente levaram uma vida faustosa, cometeram burlas e até inundaram uma cave para destruir documentos, rezam as crónicas da época e é bem capaz de ser verdade. Mas safaram-se sem grandes complicações dos problemas jurídicos e as zangas ficaram sanadas com o tempo e a morte de alguns dos protagonistas.  Ao olhar hoje para o edifício da ex-Universidade Independente percebemos que a vida continuou a correr bem a alguns malandros.

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