Francisco Pedro, aka Kiko, é o ativista ambiental que interrompeu um discurso do primeiro-ministro António Costa, numa cerimónia em que se invocava a crise estudantil de 1969 e o papel de um militante do PS, Alberto Martins, nesse episódio de contestação ao antigo regime.
Ironicamente, 50 anos passados, uma atitude semelhante volta a ser julgada. Em 1969, Alberto Martins foi preso pela PIDE e, hoje, Francisco Pedro arrisca-se a ser preso, também.
O que aconteceu em 2019, foi uma tentativa, frustrada pela polícia, de contestar a ideia de se construir um novo aeroporto internacional na margem sul do Tejo. Francisco tentou chegar ao microfone para verbalizar esse protesto, mas não conseguiu. Em 1969 aconteceu mais ou menos o mesmo com Alberto Martins que apenas conseguiu perturbar a solenidade da cerimónia de inauguração do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, quando o evento estava a ser abrilhantado pelo discurso de Américo Tomás.
Salvaguardando as devidas distâncias, entre regimes políticos, códigos penais e perfis de governantes, a irreverência continua a ser mal suportada pelos senhores que, circunstancialmente, mandam nisto tudo.
Em tribunal, na 1ª sessão do julgamento, Francisco Pedro falou em repressão da liberdade de expressão e disse que não seria preciso muita coisa para provar que este julgamento não tem fundamento. Francisco Pedro revelou ainda ter sido agredido por um elemento do corpo de segurança do primeiro-ministro depois de ter sido retirado do palco e ser levado para o exterior.
A 2º sessão deste julgamento ficou marcada para 20 de janeiro.
Quem é Kiko?
Francisco Pedro é um ativista com ligações a um coletivo que se denomina ATERRA, grupo que luta contra o projeto de construção de um novo aeroporto na margem sul do Tejo. O grupo tem protagonizado diversas iniciativas, desde manifestações a sessões de esclarecimento sobre os pontos de vista que defende para a preservação da natureza.
Francisco Pedro, Kiko para os mais amigos e família, é participante frequente nessas iniciativas do ATERRA.