Passou um ano e o 41 da rua de Santa Marta continua esventrado. Eram 8 da manhã quando a explosão destruiu por completo o edifício de 4 andares onde vivia a família do advogado José Pereira dos Reis. Dos três filhos, um morreu. Chamava-se Gastão, era músico. Um talento que ficou por explodir.
O sopro da explosão cravejou de estilhaços a fachada fronteira do Hospital de Santa Marta. A rua ficou pejada de vidros partidos e várias viaturas ficaram danificadas pela derrocada do prédio.

Das causas da explosão pouco se sabe. Presume-se que tenha sido uma fuga de gás. Mas no estado em que o edifício ficou, compreende-se que tenha sido difícil descortinar a origem do sinistro.

Mas, um ano depois, já alguma coisa podia ter sido feita, além de escorar os edifícios contíguos. O 43 está desabitado desde então, mas aí há sinais de obras de recuperação da estrutura.
A Câmara Municipal de Lisboa tem de encontrar mecanismos que acelerem a recuperação e requalificação de edifícios antigos degradados. Se os proprietários não têm vontade ou dinheiro para os recuperar, terá de ser a edilidade a assumir essa responsabilidade. Outras cidades na Europa encontraram maneira de manter o património edificado, transformando-o em atração turística e, principalmente, em moradia para as populações residentes.
Hoje, quem passa pela rua de Santa Marta e olha para o que resta deste local onde viveu gente, ainda percebe onde estavam as escadas do prédio, a estante onde alguém tinha livros, bibelots. Sinais da vida que desapareceu.