Há umas semanas, o programa Polígrafo exibiu uma reportagem sobre uma situação que passou relativamente despercebida no país. Tratava-se da denúncia acerca de um padre na freguesia Rabo de Peixe, Açores, que distribuiu um questionário a miúdos de 16-17 anos que estavam em preparação para o crisma.
Vi o programa e fiquei estarrecida. Escrevo hoje sobre isso. O inquérito continha perguntas muito íntimas, de índole sexual, e revestia-se de um caráter que defino como doentio. Havia perguntas sobre masturbação e possíveis “relações” com familiares, inclusivamente com os irmãos, ao que me lembro, e também com animais.
Tudo numa linguagem de beatice mirone absolutamente nojenta. É-me difícil compreender que ainda haja gente desta a orientar “espiritualmente” miúdos (e graúdos) que servem de cobaias para expiar não sei o quê. A insistência nestas questões e sobretudo no MODO como é feita, é nauseante e, a meu ver, perigosa.
O questionário, chamado Exame de Consciência, incluía também uma parte dedicada aos “pecados”.
São provavelmente estas almas voyeurs recalcadas e doentes que depois se dedicam a atos de pedofilia na igreja, com a conivência de muitos e tudo em nome da fé. Partilho convosco parte do questionário. É ver e tirar as conclusões.
Estamos perante um comportamento digno do atraso e recalcamento taliban em plena Europa do século XXI. Que pais e mães possam expor os seus filhos a isto é revoltante. Não acho isto minimamente aceitável. Não sei o que se terá passado entretanto, se as queixas seguiram e se o padre está com algum processo em cima ou não. Seria bom que sim. Isto é apenas um nojo sem fim.
fonte Polígrafo e Paróquia do Senhor Bom Jesus de Rabo de Peixe