Acabei de ver o Sexta às 9 na RTP. Tive pena da Inês Subtil, a jornalista que fez a reportagem sobre a casa camarária de renda social atribuída à mulher do atual embaixador da Guiné-Bissau em Portugal.
A reportagem foi sustentada por uma narrativa errante e inconsequente. Pelo meio surgiram referências ao atual momento político em Bissau, factos completamente alheios ao caso que motivou o trabalho jornalístico. O homem que é hoje circunstancialmente embaixador da Guiné-Bissau é um dos políticos mais corajosos que conheci. E estou a falar de coragem física, de quem é capaz de ficar mesmo quando caem bombas à volta e a probabilidade de se levar com uma bala perdida é real. Mas não vasculharam essa parte da vida de Hélder Vaz.
A repórter Subtil não conseguiu fazer a caracterização do bairro, quem não conhece a zona J ficou na mesma. Mostraram-nos prédios a necessitar de manutenção exterior, a bancada da fruta da mercearia, os calceteiros a compor o passeio. Alguém a dizer que o bairro era calmo. Foi mais ou menos isto. Foi apenas isso.
Foi ali que Suaila cresceu desde os 3 anos de idade. Teria sido interessante conhecer o bairro, ter conversado com amigos de infância, colegas da escola, vizinhos. Ficaríamos a ter uma ideia de quem é a mulher do atual embaixador guineense. Não se viu nada disto.
Ouvimos dizer, de raspão, que muitos apartamentos do bairro estavam indevidamente ocupados, que as pessoas cansadas de esperar por uma casa, arrombam portas e ocupam os espaços. Mas nenhuma dessas casas estava atribuída a uma “embaixatriz”! E por aqui se percebe o que falhou na reportagem. Procuraram um escândalo, esqueceram-se do jornalismo.

Desta vez, não foi um grande Sexta às 9, Sandra.