A história deste homem é sobejamente conhecida. Adoeceu, perdeu o emprego, divorciou-se, ficou sem casa, pediu uma habitação social à Câmara de Sintra, não lha deram. E ele luta pelos seus direitos.
O protesto teve início em 1 de julho de 2019, já passaram 862 dias desde que o primeiro cartaz foi escrito e exibido no largo Virgílio Horta, em Sintra. O problema de Manuel Ildefonso continua sem solução. A autarquia apresentou-lhe alternativas de morada, mas Manuel Ildefonso não quer viver numa camarata.
O “diálogo” com a autarquia passou a fazer-se através dos agentes da Polícia Municipal que, aparentemente, receberam ordens superiores para tornar insuportável a vida de Manuel Ildefonso.
As apreensões policiais
Este cidadão sem abrigo já teve duas viaturas onde pernoitava, sem necessidade de dormir no chão. O primeiro carro era dele mesmo. Foi o que sobrou do divórcio. Foi rebocado pela Polícia Municipal ao fim de uns meses. Mais tarde, um sintrense de bons costumes ofereceu um segundo carro ao senhor Manuel. Foi rebocado também.
Manuel Ildefonso deita-se no chão da rua. Teve um colchão de campismo, mas a Polícia Municipal também o levou. Durante o dia protegia-se do sol ou da chuva com um chapéu de praia. A Polícia Municipal já lhe levou dois. E levou-lhe também um pequeno rádio e um banco de plástico. Os agentes da Polícia Municipal já subtraíram tudo o que este homem tinha e que lhe servia para atenuar o desconforto e a solidão. Mesmo um agente da polícia deve saber que há ordens que não se aceitam. Não vale tudo para agradar ao comandante ou ao Presidente da Câmara.
Mas por cada cartaz apreendido, há um novo cartaz que se faz. Por cada chapéu de praia levado, há outro que aparece. O resto é mais difícil de repor, mas enquanto a Polícia Municipal e quem nela manda não conseguirem vergar a resistência deste homem, o lema dos que não se rendem continuará a ser “resistir é vencer”.
O mais longo protesto na via pública
É provável que os “Golias” de Sintra acreditem que vencerão pelo cansaço ou pelo desânimo do pequeno homem que os desafia. Mas deviam duvidar. Só para refrescar memórias, lembramos aqui um protesto levado a cabo durante mais de duas décadas pelo casal Florindo e Flora Beja que se mantiveram à porta da Procuradoria Geral da República em protesto por Justiça, num caso em que acusavam irmãos de Florindo, um notário e um juiz, de burla e falsificação de documentos para se apropriarem dos seus bens.
Um protesto longo e que ultrapassou fronteiras.
Florindo Beja e a mulher, dona Flora, sentavam-se nos degraus do edifício da PGR e apoiavam os cartazes de protesto na parede do edifício. Ali receberam a visita de muitos jornalistas, de políticos e de gente anónima que se interessavam pelo caso e queriam saber pormenores. O protesto teve início em 1995 e 15 anos depois entrou para o Guiness, o livro dos recordes mundiais.
Os 862 dias de Manuel Ildefonso no largo Virgílio Horta não são nada, ainda.
Meu caro senhor.
Pela minha parte, e como morador à mais de 50 e tal anos, em Queluz, freguesia sempre ignorada e até desprezada em enumeras situações, pelos bafejados sintrenses, apenas posso lamentar a sua situação, que nem a um animal, se deve ter, quanto mais a um ser humano.
Isso deveria envergonhar qualquer cidadão, quanto mais alguém com responsabilidades na área de, praticante de atividade política!
Isso é simplesmente repugnante, e do mais baixo nível!
As atitudes levadas a cabo contra si, só têm demostrado e bem, o carater desumano, inqualificável e prepotente, que quem por infelicidade da maioria do povo sintrense, nele tem votado!
Essa é a paga …
Assim sendo!
Resta-me esperar que os sintrenses, povo sempre solidário com as suas gentes, tenham a coragem e a sabedoria suficientes, para acabarem com essa chaga da sociedade.
Boa sorte, e coragem Sr. Manuel Ildefonso!
O que aconteceu ao casal que protestava em frente à PGR?
É pena que a notícia não mencione a idade do Senhor em causa. Ajudava a compreender ainda melhor a situação. Parece ser septuagenário…
É mais novo, creio que tem 64.
Mora na rua porque quer. Tem recusado todas as ajudas. Ainda há pouco tempo lhe foi atribuída uma casa que rejeitou.
Ele terá as suas razões, mas segundo foi tornado público pelo próprio, não recusou, apenas pediu que se fizessem obras de manutenção. Talvez isso seja considerado uma impertinência por alguns. onde já se viu, um pobre a exigir coisas?!