O que irá fazer o novo presidente da autarquia lisboeta com os muitos “dentes cariados” da dentadura urbanística da cidade? Muitos edifícios antigos, património que mereceria ser preservado, que pertencem ao Estado, muitos da responsabilidade da Câmara Municipal e que se encontram abandonados.
Pergunta longa que, para já, fica sem resposta. O anterior autarca não foi capaz de encontrar soluções expeditas. O caso do antigo Hospital de Arroios é paradigma dessa incapacidade. O edifício está há 30 anos abandonado, a degradar-se lentamente. Vai acabar por cair, o desleixo é mais forte que o terramoto de 1755 que não foi capaz de o deitar abaixo.
É um edifício com História. Foi Colégio dos Jesuítas. Foi ali que os Távoras foram assassinados, a mando do Marquês de Pombal, um brutamontes que quis exterminar padres e freiras. Depois dos jesuítas terem sido expulsos, o edifício foi transformado no Hospital Rainha dona Amélia. Era um hospital-sanatório, dedicado especialmente ao tratamento de tuberculosos. Até aos anos 70 do século passado, era ali que os jovens iam obrigatoriamente fazer o rastreio à tuberculose. Tirar “a micro”, como dizíamos na altura. Era uma radiografia aos pulmões.
Depois chegou a vontade de fazer negócio. Tudo teria de ser hotel. Muitos hotéis se quiseram fazer em Lisboa. Seria esse o destino do edifício, mas as burocracias deitaram o projeto para o caixote do lixo. Hoje não serve para nada, no pátio funciona um estacionamento automóvel. Adivinha-se um final indigno para esta história já com mais de 300 anos.
Além do estacionamento automóvel, a única coisa que ainda funciona no edifício, nas traseiras, é a magnífica igreja setecentista que, hoje, serve o culto cristão ortodoxo.
Esperemos que haja moedas suficientes para recuperar o histórico edifício e dar-lhe uma segunda oportunidade para continuar a fazer parte da História da cidade.
A execução dos Távoras não foi em Belém, no local que hoje se chama Beco do Chão Salgado?
O Conde morreu em Belém, mas a mulher foi enforcada mais tarde ali no Colégio dos jesuítas onde se tinha refugiado. Os filhos também foram mortos.