Existem centenas de prédios em ruínas ou abandonados na capital. E a Câmara Municipal raramente deita mão a obras coercivas para limpar a cidade destes escombros.
Há um privilégio da propriedade privada sobre a utilidade dos edifícios. Compram-se prédios como investimento. Abrem-se as janelas e tiram-se as telhas. E esses cacos valorizam mais que o dinheiro depositado num banco.
Os sucessivos presidentes de Câmara de Lisboa têm desprezado a sensatez dos 550 mil lisboetas. As pessoas não querem estar numa cidade miserável. De que serve ter um condomínio de luxo ao lado de prédios em ruínas? Cheios de ratazanas e em risco de cair sobre os transeuntes?
Aquela fachada na Avenida da República é, há anos, um colossal monumento à estupidez, talvez seja um hino à especulação imobiliária. Pode ser, ainda, um exemplo da burocracia camarária que, segundo dizem as más línguas, propicia a corrupção pelos gabinetes da edilidade. Há gente que espera anos por uma licença para obras. Bom, seja qual for a razão, o espaço está por aproveitar. A armação em viga de ferro em H custou uma fortuna, mas a obra não se faz. Há quanto tempo é que aquilo está ali? 15 anos?
Quanto tempo mais ficará aquela porcaria assim?
