Os povos de Boticas e Montalegre já se levantaram contra a exploração do lítio, que lhes vai estragar a vida por meia dúzia de centavos. Vão esventrar-lhes as terras quilómetros ao redor e irão contaminar-lhes as águas. Um cenário dantesco.
Sabemos que a exploração do lítio em Portugal não será igual à extração de petróleo na Noruega. Por cá, o hábito é uns comilões ficarem com a massa. A história da GALP, EDP, barragens, REN, TAP, bancos e até do volfrâmio exemplificam a nossa má sorte com os políticos. Sobre quem já Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão escreveram.
Serão esventrados quase 2 milhões de hectares
Mira Amaral é o atual presidente dos conselhos da indústria e energia da Confederação empresarial de Portugal (CIP). E diz: a exploração tem de ser feita de acordo com as regras ambientais. Óbvio!
Pretende-se explorar 1 831 420,6 hectares, revela uma nota do colectivo que reúne as organizações Awakened Forest Project e Wildlings, Tamera, Teia da Terra, Linha Vermelha e a Quercus.
Armando Pinto, de Montalegre, revelou ao Correio da Manhã a existência de um contrato já assinado entre a Lusorecursos Portugal Lithium e o Estado, para exploração na freguesia de Morgade. E há ainda mais oito pedidos de prospeção, acrescentou.
Depois dos fogos, pedidos de exploração de lítio
Raquel Perdigão, monitora de educação ambiental em Arganil, disse ao Diário de Notícias ter despertado para o problema do lítio depois dos fogos de outubro de 2017. “Começaram a aparecer pedidos de prospeção nesta região muito rica neste minério”.
À febre do lítio não escapa sequer a Serra da Estrela com a concessão “Boa Vista”, que abrange a região da margem esquerda do rio Mondego, nos concelhos de Seia, Tábua, Oliveira do Hospital e Gouveia.
Os alertas contra a exploração do lítio estão lançados em centenas de páginas de jornais portugueses. Mas o assunto não tem sido discutido publicamente de forma clara. A exploração do lítio acarreta a destruição de ecossistemas. Será extraído e levado para fora do país, sem nenhum valor acrescentado.
O caos nas aldeias, vilas e estradas
A exploracão a céu aberto abrirá buracos gigantes na paisagem. Espalhando milhares de partículas por telhados, ruas, paredes, roupa e por toda a vegetação. As populações correm o risco de andar com o lítio espetado na cara!
Um dos maiores impactos da exploração do lítio será nos sistemas aquíferos e linhas de água superficiais, prejudicando fortemente a qualidade das águas para consumo e agricultura. Chegará também o barulho ensurdecedor das maquinarias. Os camiões não irão parar e as estradas serão um caos.
Vamos ter, assim, centenas “de fábricas do tipo Caima“, tal como acontece mesmo em frente da lindíssima vila de Constância, onde se fabrica pasta de papel.
As perguntas sobre este negócio
Em Constância o cheiro nauseabundo é constante e as descargas de gases tóxicos poluentes amarelados acontecem com frequência. Com explorações de lítio será ainda pior. Em cima da mesa ficam muitas perguntas. A água vai sair das torneiras de que cor? As serras e vales ficarão iguais à paisagem lunar? As populações vão ganhar exactamente o quê? Os impactos ambientais negativos serão minimizados como? Afinal qual é o verdadeiro lucro para Portugal, em todos os vários sentidos? Hortas com àgua e solos contaminados e pessoas de lítio na cara? Quem ganha com este negócio mal cheiroso?