Fernando Nobre e Daniel Sampaio ou a diferença entre a sorte e o azar

Não conheço Daniel Sampaio, para além do que dele se diz e escreve nos media. Tenho apreço pela atividade de Fernando Nobre no campo da ajuda humanitária em situações de pós-conflito e calamidades naturais em todo o Mundo, através da AMI - Assistência Médica Internacional. Em 1999 fui distinguido com a Menção Honrosa do Prémio de Jornalismo da AMI - Jornalismo Contra a Indiferença e no ano 2000 venci esse Prémio.

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Daniel Sampaio e Fernando Nobre são ambos médicos e sobejamente conhecidos. Os dois estiveram infetados com covid-19. Daniel Sampaio passou 50 dias internado, em coma induzido. Fernando Nobre diz que se curou com “com medicamentos que não estão aconselhados para a covid-19”.

Daniel Sampaio escreveu um livro sobre a sua experiência de “quase morte”, a que chamou “Relato de Um Sobrevivente”. Fernando Nobre vai enfrentar um processo movido pela Ordem dos Médicos por ter feito declarações públicas de repúdio das regras sanitárias de combate à pandemia.

No livro, Daniel Sampaio escreve que “é preciso dizer que as pessoas não se conseguem mexer, os músculos são afetados pela doença e a pessoa, como eu digo no livro, nem sequer consegue fugir, há uma imobilidade total na fase aguda da doença e uma sensação de mal estar terrível”. O médico psiquiatra relata uma experiência assustadora e que “é preciso dizer que esta é uma doença muito grave.”

Fernando Nobre, médico cirurgião urologista, afirma que quando ficou doente se tratou a si próprio, assim como à mulher e à filha. “Numa semana estávamos todos bem”, assegurou Fernando Nobre.

Sampaio acredita nas vacinas. “As vacinas foram muito estudadas, muito experimentadas e administradas aos milhões no mundo inteiro. Os efeitos adversos são muito pequenos em relação ao número de administrações e a vacina protege sobretudo em relação à doença grave e à morte. Se estivesse vacinado, não teria tido uma doença tão grave”, e diz que é preciso “ir junto dessas pessoas (que se manifestam contra a vacinação) e chamá-las à discussão”.

Nobre desconfia das vacinas e diz até que o uso de máscaras é dispensável. “Sinto-me coagido nas minhas liberdades, direitos e garantias que são indeclináveis e que não podem estar sujeitas a interpretações porque isso pode-se tornar perigoso”, diz relativamente à obrigatoriedade do uso de máscaras. Quanto às vacinas anti-covid, considera “inacreditável” vacinar crianças e jovens dos 12 aos 16 anos.

Estes dois casos tão diferentes entre si são o paradigma desta doença. Os médicos que têm estado na chamada linha da frente hospitalar, dizem que num milhão de doentes infetados não há duas situações iguais. A atuação deste coronavírus não tem um padrão definido, os sintomas são multiplos e de gravidade muito variável de doente para doente. O que não justifica posicionamentos negacionistas e de menosprezo da doença que podem significar a morte de pessoas. Digamos que Fernando Nobre teve sorte. A infeção passou de raspão por ele. Daniel Sampaio foi atingido em cheio e esteve às portas da morte.

1 COMENTÁRIO

  1. No caso de Fernando Nobre, a doença pode não o ter atingido fortemente porque o seu sistema imunitário poderá ter sido fortalecido por força da sua actividade nos submundos por onde passou.

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