Antigo diplomata, porta-voz da resistência timorense em Portugal, Luís Cardoso escreve como forma de continuar a dar voz aos outros. Este é o seu mais recente livro, O Plantador de Abóboras.
Uma prosa poética que nos fala da necessidade de voltar a olhar para a terra… Um livro em três andamentos como se fosse uma longa partitura musical e palavrosa sobre o sonho que há de ser futuro.
Gostei muito deste trabalho jornalístico do Carlos Narciso, porque tive ocasião de rever Luís Cardoso e de saber do seu novo título. Quando preparava a minha tese de mestrado e a independência de Timor ainda era um sonho, falei com ele e com a maior parte dos timorenses mais concentrados nas comunidades de Laveiras-Caxias e Setúbal, alguns deles encontrados em Lisboa no Espaço por Timor. Foi ele que me ensinou algumas palavras em tétum…Em Crónica de Uma Travessia (o seu primeiro livro dois anos depois de eu defender a minha tese) percebi logo que o Luís Cardoso já era um escritor com uma personalidade literária especial, dominando uma escrita fluente e harmoniosa. Vejo agora, e creio que essa informação não obtive, que as abóboras, símbolo de uma certa abundância, tinham e têm muita importância no imaginário colectivo dos timores, daí o título deste seu novo livro. Hei-de ler, num futuro muito próximo, sendo que o futuro pode já ser amanhã…