Alcoólicos públicos

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O público não sabe se o eurodeputado Paulo Rangel é alcoólico ou se a cena retratada no vídeo que anda por aí foi caso único ou episódico. Seria importante saber. Conversas informais com quem parece conhecer um pouco melhor o eurodeputado, dizem que não foi a primeira vez nem terá sido a última. Dizem que Paulo Rangel é um solitário. Não constituiu família. E que afoga mágoas e vergonhas nos copos, volta e meia.

Os amigos, correligionários e adversários políticos compreensivos e solidários, não parecem preocupados com a possibilidade de Paulo Rangel precisar de algum tipo de ajuda. De um ombro amigo e confidente, de alguma terapia emocional, de um remédio para os fantasmas que habitam os terrores que o afligem. Pelo que se tem lido nas redes sociais que dizem tanto desprezar, parecem mais preocupados em condenar o autor anónimo do vídeo e os inúmeros “mensageiros” que o têm divulgado pelas redes sociais.

É o lado mais fácil desta questão, a invocação de princípios cavalheirescos que se quebram na primeira quezília política. Quem não viu já a forma como eles se insultam “cordialmente” no hemiciclo?

O consumo desregrado de álcool leva à habituação. Afinal de contas, o vinho é uma droga legalizada. Quando um alcoólico interrompe o consumo, manifestam-se sintomas de abstinência que podem levar a pessoa a continuar a consumir para prevenir ou aliviar esses sintomas. Em alguns casos, os sintomas de carência manifestam-se durante meses após a interrupção. Em termos médicos, o alcoolismo é considerado uma doença tanto física como psicológica. Assim, um alcoólico precisa de apoio quando quer libertar-se dessa teia.

A Organização Mundial de Saúde estima que existam mais de 200 milhões de pessoas com alcoolismo em todo mundo, o que corresponde a 4,1% da população com mais de 15 anos de idade. Muitos portugueses estão nesse rol. O alcoolismo em Portugal é um flagelo que assola muitas famílias. A coberto das bebedeiras, matam-se esposas, filhos e amantes. É recorrente vermos essa situação retratada nos títulos e prosas da imprensa nacional. Alguns exemplos:

O vídeo de Paulo Rangel a caminhar aos esses nas ruas de Bruxelas é por isso um mau exemplo, a todos os níveis. Quando os pares de Paulo Rangel se mostram tão compreensivos e tão desculpabilizantes e tão alarmados com a denúncia e tão irritados com os denunciantes, estão a prestar um mau serviço à sociedade e ao amigo.

Um mau exemplo que adquire dimensão nas redes sociais, onde não faltam apoios a Rangel. Muitos compreendem a necessidade de se apanhar uma bebedeira e, pelos vistos, aceitam que um eleito para um cargo de representação política o faça em público.

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