O “arraial liberal” promovido pelo partido IL (Iniciativa Liberal) abriu um precedente difícil de contrariar. A partir de agora, qualquer partido político pode invocar “atividade política” e passar a promover concentrações onde quiser e como quiser, desde que esses eventos lhes sirvam para atingir objetivos eleitorais.
O “arraial liberal” teve parecer desfavorável da Direção Geral de Saúde, nomeadamente a montagem das 20 barraquinhas de comes e bebes. Ou seja, comer e beber passou a ser um ato político, agora mais do que nunca. Foi uma espécie de esperteza de “bimbalhões” que deveria sair caro aos seus promotores, dizem os mais críticos que lembram as condenações ferozes dos dirigentes do IL quando o PCP manteve a realização da Festa do Avante.
Segundo o parecer do delegado de Saúde Regional de Lisboa e Vale do Tejo, o evento com as características de arraial “atendendo ao princípio de precaução em saúde pública, e pela situação epidemiológica atual na cidade de Lisboa, não deverá ocorrer e ser adiada”.
Além de questionar as barracas de comes e bebes previstas (e que foram colocadas no local), o delegado de Saúde escreveu que no recinto deviam ser cumpridas normas como a lotação máxima de uma pessoa por oito metros quadrados; os lugares deviam ser sentados, com o distanciamento mínimo de dois metros entre as pessoas, em todas as direções; devia assegurar-se o uso de máscara durante todo o tempo, incluindo quando os oradores se encontrassem no uso da palavra, devendo a mesma ser substituída a cada quatro horas, e recomendava “fortemente a testagem dos participantes”.
No que se referia ao serviço de catering, a delegação de saúde considerava-o “totalmente desaconselhado, uma vez que promove a aglomeração de pessoas” e que as refeições “constituem momentos de risco elevado de transmissão de SARS-CoV-2”, bem como, tendo em conta as temperaturas atuais, poderia haver risco de infeções alimentares.
Mas Cotrim e companheiros fizeram ouvidos moucos. Não acertam uma no alvo.
