Joe Berardo foi detido esta manhã (dia 29 junho 2021) por suspeitas do crime na área financeira, nomeadamente, fraudes e burlas que lesaram a Caixa Geral de Depósitos.
O empresário e o seu advogado André Luiz Gomes foram detidos pela Polícia Judiciária, no âmbito de uma vasta operação do Ministério Público chefiada pelo juiz Carlos Alexandre.
A investigação tem como objetivo perceber de que forma o empresário conseguiu obter, em 2006, empréstimos da CGD, que em 2015 ainda revelavam uma exposição do banco público à Fundação Berardo, na ordem dos 268 milhões de euros em créditos mal parados.
As autoridades irão também investigar a forma como depois Berardo montou um esquema de dissipação de património e dinheiro, através de empresas-veículo, para conseguir escapar aos credores.
Tudo terá começado nas declarações de Berardo no parlamento que, além de escandalizarem o país, indiciaram a prática de eventuais crimes que estão agora a ser investigados.
Recordemos essas declarações, num resumo da nossa responsabilidade.
O comunicado da Polícia Judiciária diz que este “inquérito a correr termos no DCIAP, desencadeou no dia de hoje, em Lisboa, Funchal e Sesimbra, uma operação no âmbito de investigação, em curso, pela suspeita da prática dos crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento.
Esta operação envolveu 180 profissionais, 138 da PJ, 26 da AT, 9 do MP e 7 JIC. Foram efetuadas 51 buscas, sendo, 22 buscas domiciliárias, 25 buscas não domiciliárias, 3 buscas em instituição bancária e 1 busca em escritório de advogado.
A investigação iniciada em 2016, identificou procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito, contrários às boas práticas bancárias e que podem configurar a prática de crime.
A operação da PJ incidiu sobretudo num grupo económico, que entre 2006 e 2009, contratou 4 operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de Euros.
Este grupo económico tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar.
Atualmente este grupo económico causou um prejuízo de quase mil milhões de Euros à CGD, ao NB e ao BCP, tendo sido identificados atos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património.”