Há muitos, muitos, muitos anos, Monsanto era um vulcão. São evidentes os sinais que indicam a origem geológica deste monte de onde se avista Lisboa inteira. Um desses sinais é a existência de basalto, uma pedra de formação vulcânica que existe em abundância por ali e um pouco por toda a região a norte de Lisboa. Outro sinal é a forma do monte, cónico, com uma plataforma no topo que seria a caldeira do vulcão em tempos imemoriais.
O nome Monsanto (monte santo) é antigo e deriva da mística que o lugar inspirava aos que por ali viviam. Enfim, Monsanto já lá estava quando os primeiros humanos chegaram, talvez merecesse uma investigação arqueológica, mas depois de terem plantado uma floresta naquela serra, ficou mais difícil de olhar para o que possa estar debaixo das pedras ou soterrado pelas poeiras que o tempo ali depositou.
Ou seja, o Parque Florestal de Monsanto não é uma velha floresta, o monte era careca até aos anos 40 do século XX quando o engenheiro civil do regime idealizou ali uma floresta frondosa. Assim pensou, melhor o fez. O engenheiro Duarte Pacheco mobilizou todos os recursos disponíveis na altura para, em pouco tempo, plantar milhões de árvores em Monsanto, pinheiros e ciprestes, nenhum eucalipto.
Numa das vertentes do monte, lá bem no alto, construiu-se um miradouro e um restaurante panorâmico. Com o tempo, a floresta cresceu e amadureceu, protegida por Lei e poupada pelos criminosos que põem fogos florestais. Ganhou vida própria, uma biodiversidade interessante num novo ecossistema que se formou de modo natural.
Já o restaurante morreu… o sítio foi restaurante de luxo, discoteca, salão de bingo, já foi alugado como armazém e escritórios de empresas, hoje está abandonado. A Câmara Municipal de Lisboa talvez tenha algum plano para revitalizar a estrutura que, apesar de abandonada, continua firme e sólida. Depois de ter estado de portas arrombadas durante uns anos, tempo que os grafiteiros aproveitaram para redecorar o espaço, agora é um sítio guardado e de portas abertas para quem queira ir admirar a melhor vista sobre Lisboa.
Eu diria que seria bastante interessante se o “panorâmico” de Monsanto fosse sempre um espaço público, de acesso gratuito, um local de vigilância e proteção daquela floresta e com um centro de interpretação do Parque Florestal de Monsanto (vulcão incluído).
Com a pandemia, a Câmara Municipal de Lisboa fechou o edifício. Mesmo com o desconfinamento em marcha e a diminuição das medidas restritivas relativamente à mobilidade da população, o edifício ainda não foi reaberto.
Bom dia.
Pode referenciar o artigo ff. Nao se encontram registos que baseiem!
Obrigado.
Não precisei de consultar nada para escrever este artigo, mas se quiser comprovar bastará ir à Wikipédia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_de_Monsanto) e ler “A serra é uma das unidades geomorfológicas mais bem definidas do concelho de Lisboa, apresentando a forma de um cone truncado, pois é culminada por uma zona aplanada. O perfil geológico revela a presença de calcários e basaltos.
Há cerca de 70 milhões de anos, com o choque entre a placa Ibérica e a placa Euroasiática, verificou-se a emersão de calcários do Cretácico e Jurássico formados em fundos marinhos e um longo período de actividade vulcânica de que resultam escoadas basálticas e piroclastos.”
A elevação do Monsanto é apenas um vulcão entre vários no chamado manto basáltico da região de Lisboa, todos sobejamente conhecidos.
Quanto às ocupações antigas no local, houve, desde meados do século XX, uma série de escavações arqueológicas que revelaram a existência de sítios pré e proto-históricos, todos eles já publicados e conhecidos.
Sobejamente conhecidos por uma minoria que se interessa por estes temas, profundamente desconhecidos pela maioria das pessoas. Aliás, o relativo sucesso deste artigo deve-se precisamente a esse desconhecimento.
Bom dia, concordo completamente consigo sr. Carlos Narciso. Desconhecimento da maioria das pessoas. Eu nasci há 61 anos mesmo à beira do Monsanto, em casa de chão de basalto. Muito me interesso pela formação da floresta/mata do Monsanto onde passei tantas décadas. Só quem realmente se interessa, consegue essas informações preciosas. A vivencia, etc…. Também posso referenciar a contribuição e esforço de aguadeiros, da zona saloia, para a manutenção das arvores no inicio…tanto que haveria a dizer. Obrigada pelo vosso contributo
E porque ñ transforma-lo num museu que da.história do local dinamizasse o local com visitas guiadas . . . Principalmente ligadas aos mais jovens.
Gosto muito de vulcanismo e Geologia, tenho bastante interesse neste tema, principalmente se incluir idas aos locais
Obrigado