Jornalismo e racismo

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Os jornalistas continuam a dar tiros nos próprios pés. Agora foi Hugo Godinho, da Agência Lusa, ao identificar uma deputada como “preta”. A referência à cor da pele da deputada Romualda Fernandes vem na linha das publicações de outros jornalistas sobre os penteados ou a gaguez de Joacine Moreira. São racistas, ponto.

O texto da Lusa foi copiado pelos clientes da agência e publicado nos sites respetivos. Um texto com uma referência inaceitável passou pelos crivos de vários editores, sejam os que estavam de serviço na Lusa ou os que estavam de serviço no Expresso ou no Observador, por exemplo. Multiplicou-se, assim, a ofensa.

O texto original começava assim:

“Ferro Rodrigues empossa comissão de revisão constitucional por três meses

Lisboa, 13 mai 2021 (Lusa) – O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, deu hoje posse à comissão de revisão constitucional (…)

Suplentes pelo PS são: Joana Sá Pereira, José Luís Carneiro, Isabel Rodrigues, Carlos Pereira, Elza Pais, Francisco Oliveira, Jamila Madeira, Rita Madeira, Romualda Fernandes (Preta) e Nuno Sá. Pelo PSD contam-se: Artur Andrade, Emília Cerqueira (…)”

A palavra preta entre parêntesis foi apagada, depois de dado o alarme. Já foi tarde para evitar o escândalo. A Lusa diz que vai averiguar o que se passou, instaurar um inquérito e o editor de Política demitiu-se. Todos os outros que andam a fingir que trabalham (ou que concordam com o parêntesis) também se deveriam demitir. Ou ser demitidos. Porque desculpas não chegam. O racismo não é uma cena fortuita. É crime.

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