A Sonae está a plantar 1 milhão de pinheiros. É a Floresta Sonae (assim se chama o projeto) e vai ocupar uma área substancial do município de Mangualde. A notícia é recente (março de 2021) e foi amplamente reproduzida em quase todos os jornais e sites de órgãos de comunicação social, tal e qual a agência de comunicação a redigiu: “o grupo Sonae está a plantar uma floresta em Mangualde com ‘cerca de um milhão de árvores’. O projeto, chamado Floresta Sonae, visa compensar as emissões de dióxido de carbono da companhia, mas é também uma homenagem ao gestor Belmiro de Azevedo, antigo líder da Sonae, que morreu em novembro de 2017.”
Dito assim parece filantropia. Mas, julgando conhecer a filosofia de vida de Belmiro de Azevedo, supondo que os filhos tenham a quem sair, duvidamos que se trate de grande generosidade para com os outros seres humanos.
Na verdade, a Sonae tem já grandes investimentos em Mangualde, nomeadamente na área florestal. A Sonae Arauco é uma das maiores produtoras mundiais de painéis de derivados de madeira e, em Portugal, desenvolve a sua atividade de exploração florestal precisamente em Mangualde e também em Oliveira do Hospital. Para que servem os painéis estratificados de madeira? Para fabricar móveis e múltiplos tipos de soalho, principalmente. Mas também para revestimentos, isolamento, entre muitas outras aplicações na área da construção civil. Sempre foi um grande negócio.
A chamada Floresta Sonae é aquilo a que se chama uma “floresta produtiva”, não se destina a criar um ecossistema, a madeira é para ser transformada industrialmente. Afinal de contas, o negócio fundador da Sonae – Sociedade Nacional de Estratificados.
Mais valia chamarem-lhe Pinhal Sonae. Era mais verdadeiro. E servia melhor como homenagem a Belmiro de Azevedo.