Foi em 2 de abril de 1976. Há 45 anos, precisamente. A bomba explodiu e matou as duas pessoas que iam naquele automóvel: o padre Max e a jovem Maria de Lurdes Correia.
Foi crime provado no tribunal de Vila Real. A sentença ditou que se tratou de um atentado organizado pelo MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal), organização terrorista de extrema-direita criada por Spínola e Alpoim Galvão.
No mesmo dia, na Assembleia da República, era aprovada a Constituição da República portuguesa. Os dois factos podem estar ligados.
A morte do padre Max e de Maria de Lurdes, que se dedicavam a um programa de alfabetização de populações das aldeias transmontanas, foi uma demonstração de força e crueldade da extrema-direita terrorista, um aviso, uma tentativa de amedrontar os democratas. Em parte, funcionou. Nenhum culpado foi identificado, ninguém foi condenado. Já nessa época era fácil a extrema-direita ter elementos infiltrados na polícia e até no Ministério Público. Anos depois, uma investigação jornalística encontrou o bombista confesso a viver na África do Sul, sem remorso e sem nunca ter sido incomodado.
O padre Max era candidato pela UDP nas eleições legislativas que se realizaram nesse mesmo mês de abril. E era um candidato que apoiava a nova Constituição. Ao contrário, o cónego Melo era um notório ativista da extrema-direita que não se cansava de difamar o padre Max. Para a Igreja ultramontana, o padre Max era um pecador. Porque ensinava analfabetos a ler, porque ensinava Direitos Humanos a quem sempre tinha sido explorado e abusado. E por isso morreu.