Em Nova Iorque, os teatros estão a reabrir e a primeira peça em cena na cidade é “Blindness”, de Simon Stephens, baseada no romance de José Saramago “Ensaio sobre a Cegueira”.
Trata-se de uma soberba obra de Saramago, retrata um mundo onde um outro vírus cega toda a gente. Quase toda a gente. “Blindness” é o título da obra traduzida em inglês e que o encenador Simon Stephens adotou para a sua performance teatral. Na verdade, em “Blindness” não há atores em palco. Apenas a voz. E são os espectadores que estão cegos, ou quase, num jogo de som e luz que, segundo dizem os críticos ingleses e americanos, resulta numa experiência inolvidável. Deve ser a primeira vez que o Daryl Roth Theatre apresenta uma cena teatral sem palco.
“Blindness” é também um ensaio sobre uma nova espécie de representação teatral, uma espécie de adaptação criativa aos tempos de pandemia. Deve ser uma experiência interessante, mas o que queremos todos é que a pandemia desapareça e os atores voltem a pisar o palco para plateias cheias de gente.
O espetáculo estreou o ano passado em Londres, agora está em Nova Iorque, sendo improvável que “Blindness” chegue a Lisboa, a não ser que algum encenador português decida recriar aqui esse espetáculo, ficamos com a satisfação de saber que a obra de José Saramago inspira tanta gente do mundo das artes.
José Saramago publicou “Ensaio sobre a cegueira” em 1995, três anos antes de ser distinguido com o Nobel da Literatura. O romance foi adaptado para cinema em 2008 pelo realizador brasileiro Fernando Meirelles, com estreia mundial na abertura do festival de cinema de Cannes. Em 2019, também o encenador Tiago Rodrigues partiu deste romance de Saramago – e também de “Ensaio sobre a lucidez” – para a criação da peça “Blindness and Seeing”.