Exercícios Penosos

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Comparar os programas “The Voice Kids” (RTP) e “All Together Now” (TVI) é um exercício penoso.

O programa da RTP é a “jóia da coroa” da estação. Tudo, nele, é feito com profissionalismo e dedicação. O resultado é magnífico. São mais de 3 horas que passam a voar. Notável, a qualidade vocal da maior parte dos miúdos. Têm técnica e cantam com sentimento. Aparentam ter nascido para a função.

Nos bastidores, tudo aquilo será feito com pinças, exigindo grande envolvência da produção e dos jurados-mentores. A competição está lá, mas o clima é suave. O sucesso do programa reside, em boa parte, na qualidade dos jurados-mentores. Falam bem e sabem do que falam. Dizem sempre algo de interessante. E sem se repetirem.

Vozes com grande qualidade, produção a sério, bons cenários, qualidade técnica, adereços bem sacados, um conjunto de jurados-mentores difícil de repetir e temos um programa de sucesso. Comovente, por vezes.

Catarina Furtado é a apresentadora certa. Com presença crescente, nos últimos tempos. Talvez um pouco excessiva. Sugestão: acabem, de vez, com as perguntas “o que é que sentes?”, ou “o que é que sentiste?”. Toques de amadorismo, vindos, principalmente, da chamada “sala vermelha”, mancham a excelente qualidade geral do “The Voice Kids”.

Posto isto, é mesmo penoso falar do “All Together Now”. O modelo é o mesmo, agora com adultos e com 100 jurados. Quase todos ilustres desconhecidos, gente bizarra ou excêntrica, à mistura com umas caras da estação. Parecem macaquinhos nas jaulas, cada um procurando dar mais espectáculo que o parceiro do lado. 

A apreciação dos concorrentes é uma coisa penosa, a apresentação é abaixo de medíocre e quase não existem planos fixos. Um cansaço. Bem sabemos que a TVI quer ser “popular”. Mas o “popular” merecia mais e melhor. Mais profissionalismo. 

Assistir à entrevista a José Sócrates também se revelou um exercício penoso. O homem está cada vez mais cheio de si e toma-nos a todos por parvos. Na “Circulatura do Quadrado”, Pacheco Pereira e Lobo Xavier acharam a entrevista oportuna. Mas Lobo Xavier espera que a TVI não volte a convidar o sujeito. Não? Então e quando o Tribunal da Relação desqualificar Ivo Rosa não será interessante voltar a ouvir o homem? Já sabemos o que vai sair daquela boca, mas, nessa altura, o mais importante serão as perguntas. A malta já leva o figurão a sorrir.


(Esta crónica também é publicada no Jornal de Barcelos).

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