Celebremos o 25 de abril, porque…

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Em 25 de abril de 1974, a revolução acabou com a indignidade em que o povo vivia, subjugado e explorado desalmadamente pelos “donos disto tudo”. A revolução mudou a vida dos portugueses e acabou com as guerras na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique. A pobreza empurrou milhões de portugueses para a emigração e as guerras mataram 10 mil jovens portugueses e um número indeterminado de outros jovens africanos. O pecado primordial da revolução foi não ter julgado os responsáveis políticos de tanta violência.

A revolução do 25 de abril teve também outras consequências: liberdade política, de imprensa e a liberdade de expressão. É assim que hoje podemos criticar as decisões dos governos e podemos, quando entendemos, mudar de governos, através do voto em eleições livres.

Portugal depois de 25 de abril de 1974 passou a ser outro país. O anterior era, genericamente, o que estas imagens retratam.

1967
1968
Lisboa, Prior Velho
Emigrantes portugueses atravessavam a pé a fronteira com Espanha, para fugir da miséria
Emigrantes portugueses a viver nos bidonville (bairros da lata) de Paris-foto de Gerald Bloncourt

A guerra colonial foi o fator decisivo para a queda da ditadura “Estado Novo”, também ela nascida através de um outro golpe de estado que terminou com o regime republicano em 1926. Em 1974, com a nação exausta ao fim de 11 anos de três frentes de guerra, com muitos milhares de mortes e feridos, alguns militares decidiram acabar com o estado a que tinham chegado. Foi a guerra que despoletou o descontentamento que teve como consequência um golpe de estado que se transformou numa revolução. Essa é uma dívida de gratidão que todos os portugueses democratas têm com o sacrifício dos jovens guerrilheiros dos diferentes movimentos independentistas em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.

3 COMENTÁRIOS

  1. Não vejo explicado (nem entendido) por que razão um golpe de Estado9 pôde transformar-se numa revolução…
    Quanto a mim, isso ficou a dever-se ao facto de uma esmagadora maioria da população, designadamente a classe operária (e a faixa do povo que se encontra retratada nas imagens acima publicadas), querer levar o derrube do fascismo até às últimas consequências, incluindo a detenção e o julgamento dos responsáveis políticos do regime derrubado, consequências essas que não estavam previstas nem eram aceites pelos mentores do golpe.

  2. Também não é verdade que “possamos, quando entendemos, mudar de governos, através do voto em eleições livres”.
    E será porque nos é negada essa possibilidade que as forças democráticas, patrióticas e progressistas (que obrigaram a que o golpe de Estado se transformasse numa revolução que, lamentavelmente, não pôde chegar às últimas consequências) haverão de obrigar a que o actual regime, corrupto, obsoleto e anti-democrático, venha a ter os dias contados…

    • As pessoas votam em quem querem, ninguém obriga ninguém a votar contra vontade. A maioria já nem vai votar. Quanto ao resto, aceito que os mentores do golpe de estado tenham sido ultrapassados pela dinâmica do processo que despoletaram, parece-me óbvio até que foi isso que se passou. Não há nada no artigo que contradiga isso.

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