Construído provavelmente depois de 1640, para dar luta aos piratas que assolavam a costa portuguesa, o chamado Forte da Crismina vai reabrir portas como restaurante. De luxo, claro.
O estado de ruína a que chegou não permitia ter esperanças de que o Estado tivesse ganas de fazer do local alguma coisa de útil e, portanto, para ter futuro vai ser mais um sítio para um certo tipo de elites endinheiradas. Consumo mínimo, porteiro engalanado à porta, estacionamento reservado a clientes, menu em inglês. Para não destoar dos outros restaurantes da zona, muitas lagostas hão de ser sacrificadas em mais um altar da comezaina gourmet.
Antes isso que a ruína, dirão alguns, mesmo sabendo que nunca lá irão entrar. Creio que poucos contestarão esse argumento, mas nada obrigava a entregar o forte militar a este tipo de iniciativas empresariais.
O Estado português deveria sentir-se obrigado a manter este património no domínio público e a dar-lhe uma função culturalmente enriquecedora. No entanto, uma ruína sempre é um local ao alcance de todos, mais democrático, sem portas. Além disso, há sempre um certo romantismo em edifícios velhos e decadentes, onde o vento passa em liberdade e nos podemos encostar numa pedra a ver o por-do-sol. Olhem bem estas fotografias porque nunca mais verão o Forte da Crismina como ele foi…
Será que Cascais precisa mesmo de mais um restaurante?